Auxílio: MPF pede explicações à Caixa por sistema vetar refugiados
Cadastros de imigrantes estão bloqueados para pedir benefício. Em 2020, grupo recebeu parcelas
O Ministério Público Federal (MPF) pediu explicações à Caixa Econômica Federal sobre o sistema de cadastro para pagamento do auxílio emergencial, que está bloqueando o cadastro de imigrantes e refugiados. Uma Notícia de Fato foi instaurada na última semana, que possibilita a abertura de um inquérito civil. O banco será oficiado nos próximos dias.
A reclamação dos imigrantes é que, quando abrem o aplicativo para solicitar o benefício, a plataforma pede atualização nos dados. Neste momento, o processo não é concluído e aparece a seguinte mensagem: "Desculpe, não conseguimos atender sua solicitação. Em breve, estrangeiros também poderão ser Cliente Top no Caixa Tem. Tente novamente em alguns dias".
Recentemente, o governo federal assinou a Medida Provisória (MP) que estabelece o pagamento do auxílio. No texto, não há qualquer vedação para a concessão a refugiados. Segundo fontes ouvidas pela reportagem, a única restrição é para pessoas que moram no exterior. Ou seja, neste caso, imigrantes teriam direito. A avaliação é de que houve um "problema" na forma que a Caixa incluiu a pergunta sobre nacionalidade no sistema.
No Brasil há sete anos, o haitiano Garry Pierre, 36, chegou ao país com o primo, à época, de 9 anos. Desempregado e estudante de Marketing digital e Propaganda, Garry necessita do benefício para conseguir pagar as contas durante o momento de crise. Ele reclama que a exclusão é como se fosse um "balde de água fria durante o inverno" e não entende o motivo pelo qual deixaram o grupo de fora, uma vez que receberam as parcelas em 2020.
"Não é só pelos R$ 150, R$ 250 ou R$ 375, mas sim pela exclusão. Por que excluir? A gente paga os mesmos impostos que os brasileiros. Dói, porque, dentro de cada imigrante, refugiado, existe uma pessoa que tem moral, que sente vergonha", lamentou. "Entre os refugiados e imigrantes que moram no Brasil, pode ter alguém para quem os R$ 150 não vão fazer diferença, mas para outros vão fazer. Eu não denuncio só por mim", completou.
O SBT News entrou em contato com a Caixa para saber o motivo pelo qual o sistema não atualiza para imigrantes e refugiados. No entanto, até a última atualização desta reportagem, não recebeu resposta.