“Cura da Covid-19”: em meio ao colapso, fake news sobre fórmulas milagrosas voltam a circular na internet
Neste A Semana em Fakes, Edgard Matsuki, relembra a série de boatos sobre “curas milagrosas” da Covid-19 que circularam na semana em que o Brasil (de novo) superou o recorde de mortos pela doença.
Situação 1: um senhor humilde grava um vídeo próximo a uma caminhonete e, na melhor das intenções, atribui a sua recuperação da Covid-19 a Deus e a uma fórmula “milagrosa”: salada de pepino com sal. Situação 2: um médico fala, com toda empolgação, que a Covid-19 acabou porque ele descobriu um remédio que cura a doença. Ainda por cima, disponibiliza o telefone para quem quiser entrar em contato.
As duas situações ilustram um tipo de fake news que circula desde o início da pandemia e que, na última semana, ganhou força na mesma proporção do aumento de casos e mortes pela doença. As promessas de cura variaram entre alimentos, ações e remédios que não têm eficácia comprovada para a Covid-19.
Mesmo sem comprovação científica para tratamento da Covid-19, a hidroxicloroquina e a ivermectina viralizaram em boatos novos ou reciclados. Uma mensagem falsa que apontava que o FDA havia aprovado a cloroquina para tratar a Covid-19 e outra que apontava que a fabricante Novartis iria doar milhões de comprimidos de hidroxicloroquina. Ambas histórias já haviam sido desmentidas em 2020, mas parece que tem gente que não aprende.
Sobre a ivermectina, dois “boatos novos” começaram a circular nesta semana. Um fala sobre o milagre em uma cidade mineira proporcionado pelo “tratamento precoce” (que não tem eficácia comprovada). Outro falava sobre um estudo que teria “comprovado” que a ivermectina “tem mais eficácia que a vacina”. Ambas teses não procediam.
Se engana, porém que notícias falsas sobre medicações ficaram restritas à hidroxicloroquina e a ivermectina. Depois que um estudo (real e promissor) apresentou bons resultados sobre a proxalutamida, teve gente que saiu cravando que a “cura havia sido encontrada”. Mostramos, aqui, que não é bem assim. Na esteira do anúncio, outra fake news apontava que um remédio “similar” (a flutamida) já tinha acabado com a Covid-19. No último caso, sequer há um estudo apontando para isso.
Boatos sobre alimentos e “ações caseiras” que “curam a Covid-19” (que achávamos que haviam sido superados no início da pandemia) também circularam nesta semana. Além do boato do “pepino com sal”, tivemos que desmentir uma mensagem que apontava para um “respirador caseiro” feito com garrafa pet.
Além de dar falsas esperanças para a população, o grande problema dessas “curas milagrosas” é causar uma falsa sensação de segurança em relação ao coronavírus e, por consequência, incentivar a quebra de medidas que, de fato, têm impacto contra a doença. Não adianta sair de casa, aglomerar, deixar de usar máscaras, higienizar as mãos e negar a vacina achando que há “uma salvação milagrosa”. De cloroquina a pepino, nenhuma delas vai lhe ajudar no momento mais difícil.