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ENTREVISTA: José Carlos Pontes, sócio e presidente do Grupo Marquise, acredita que crise vai oportunizar novos negócios

​O jornal ‘O Povo’ destacou, na edição desta segunda-feira (27), o crescimento de 15% do Grupo Marquise em 2019 e o faturamento histórico de R$1,2 bilhão.

Por Redação T5 Publicado em
JOS CARLOS PONTES

O jornal ‘O Povo’ destacou, na edição desta segunda-feira (27), o crescimento de 15% do Grupo Marquise em 2019 e o faturamento histórico de R$1,2 bilhão. Além dos dados, o conteúdo trouxe ainda as análises de José Carlos Pontes, sócio e presidente financeiro do Grupo Marquise. Veja a íntegra da entrevista:

O POVO - Quais os maiores desafios econômicos para alcançar os números de 2019?

José Carlos Pontes - Isso se dá por termos profissionais de primeira linha à frente dos negócios, nosso modelo de gestão disseminado em todas as empresas, focado em resultados e performances, e a nossa crença de sermos ousados, mas com responsabilidade. Os desafios são enormes. O primeiro deles é nossa carga tributária que sufoca os segmentos produtivos e, daí, necessitamos que se avancem numa reforma fiscal. Outros entraves são a necessidade de ter estabilidade econômica, segurança do respeito aos contratos e garantias que estimulem os investimentos. Um terceiro e grande desafio sem volta é em tecnologia, o mundo todo está avançando em processos produtivos ágeis e automatizados, que transformam, mudam e até criam negócios, agora ainda mais acelerado pela pandemia do novo coronavírus.

OP - Quais os impactos da pandemia nos negócios do Grupo Marquise?

JC - No segmento de varejo do Shopping Parangaba; de atacado do Centro Fashion e também no setor de Hotelaria esses impactos foram muito fortes. Nosso segmento de incorporação tem sofrido com obras paralisadas e inadimplência, mas acreditamos que em todos eles teremos uma retomada após a pandemia. Já no setor de infraestrutura, estamos com todas as obras públicas andando em ritmo acelerado e tendo com os nossos colaboradores todos os cuidados recomendados pela OMS. O negócio ligado à comunicação, que é a Rede Tambaú de Comunicação – RTC, em João Pessoa, na Paraíba, ganhou destaque nesse momento, pois o Jornalismo se tornou uma importante fonte de combate à pandemia. Nosso segmento na área ambiental, com limpeza urbana, coleta e destinação de resíduos sólidos, que é um serviço essencial para a população, se tornou de extrema importância nesse momento e está na linha de frente, inclusive aportando tecnologia de desinfecção de ambientes e vias públicas, com equipamentos desenvolvidos internamente por nossa equipe e acoplados aos nossos caminhões.

OP - O que pode ser feito para reduzir os efeitos da recessão nas empresas brasileiras? JC - Uma medida importante para a retomada da economia seria a injeção de recursos a baixo custo para micro, pequenas empresas e profissionais liberais, mas as medidas tomadas até agora, fazendo essa injeção via bancos, além de ter alto custo, não chegaram na ponta. Parece que os bancos estão mais preocupados neste momento é em não terem riscos. Também seria de extrema importância que a reforma tributária fosse acelerada, mas, infelizmente, não temos clima para isso. Para alguns, a “política” é mais importante que o País.

OP - Como a Marquise tem trabalhado durante a crise sanitária econômica e como está se preparando para o mundo pós-pandemia?

JC - Temos um rápido poder de mobilização. Em alguns setores, mesmo antes do decreto oficial de isolamento, começamos a nos organizar para isso. Estabelecemos um Comitê de Crise, que se reúne regularmente e apresenta semanalmente aos acionistas um relatório com informações e sugestões que embasarão as tomadas de decisões. Colocamos toda a nossa equipe administrativa em home office, com toda a infraestrutura de TI, acesso a sistemas e comunicação, deixando apenas um pequeno contingente presencial na sede da empresa. Modificamos alguns processos para viabilizar o home office e rapidamente definimos procedimentos e políticas para formalizar para todo o Grupo. Estabelecemos um “Sub-Comitê de pessoas” para cuidar de nossos colaboradores, sobretudo, aqueles em grau de risco maior e, também, um “Sub-Comitê de comunicação”, que foi de suma importância para a comunicação interna dos negócios.

OP - Há novos investimentos previstos?JC - Sim. Desde o ano de 2019, estamos com planos de investimento em vários segmentos. Investimos no segmento de energia com a Gás Renovável de Fortaleza (GNR ) e temos, ano a ano, investido em tecnologia e expansão da nossa atuação da área ambiental, com coleta seletiva (Ecopontos), tecnologia veicular, automação e controle. Temos um projeto em expansão da incorporação imobiliária, uma vez que entendemos que será um grande salto desse negócio com expansão para o mercado de São Paulo. Na área de atacado tivemos a consolidação do Centro Fashion e, no segmento de varejo, o investimento em um novo Shopping, em João Pessoa, o Shopping Intermares. Apostamos numa renovação da Rede Tambaú de Comunicação, com toda uma reestruturação operacional. Nosso setor de Infraestrutura está cada vez mais fortalecido.

OP - Neste cenário de pandemia, há espaço para novos negócios no Grupo?

JC - A Covid-19 nos mostra a necessidade de melhorar a infraestrutura de saúde e prevenção. A Marquise Infraestrutura possui tanto experiência como parceiros com know-how (conhecimento) na construção e operação de hospitais, como em saneamento - água e esgoto. Isso nos coloca numa posição de vanguarda, se essa necessidade for colocada como prioritária pós-pandemia. Temos avaliado o mercado do Sudeste em relação ao segmento imobiliário e isso tem sinalizado para nós como uma grande oportunidade de expandir nosso mercado de incorporação.

OP - Quais novos negócios já são uma realidade no rol do Grupo?

JC - Somos, por natureza, um grupo que acredita no Brasil, na nossa gente, na nossa capacidade de empreender, de gerar riqueza e renda. Assim, acreditamos que essa crise vai nos fortalecer e nos oportunizar novos negócios, novos investimentos e novos crescimentos. Dentro desse pensamento e alinhados com a decisão do Banco Central do Brasil de flexibilizar e abrir os serviços bancários, até então exclusivos aos bancos, adquirimos, neste mês de abril, no auge da pandemia do novo coronavírus, uma fintech, que hoje opera exclusivamente em São Paulo. Assumimos neste mês a empresa e estamos estruturando para que em curtíssimo prazo passe a operar além de SP, no Norte e Nordeste, regiões onde temos forte atuação.



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