Datena se filia ao MDB e admite ser vice na disputa pela Prefeitura de São Paulo
Datena fez um discurso em defesa da democracia, de crítica ao radicalismo e pediu união entre os Poderes e as instituições.
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Ao se filiar ao MDB na manhã desta quarta-feira (4), o apresentador de TV José Luiz Datena disse entender que agora era o momento certo de entrar na política e deixou em aberto se será candidato a prefeito ou vice-prefeito de São Paulo.
"É provável que um dos dois", disse Datena ao ser abordado por jornalistas.
Indagado sobre a possível chapa diante da pluralidade partidária presente em sua filiação, disse apenas que a eleição de outubro ainda "está longe".
O ato foi acompanhado por nomes do MDB como o presidente do partido, Baleia Rossi (SP), Paulo Skaf, presidente da Fiesp, e Eduardo Gomes (TO), líder do governo Jair Bolsonaro.
Também acompanharam a cerimônia o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o secretário especial do governo de São Paulo, Antonio Imbassahy, que representou o governador João Doria (PSDB-SP), além de dos senadores Major Olímpio (PSL-SP) e Jorge Kajuru (Cidadania), seu amigo pessoal.
Na cerimônia, Datena fez um discurso em defesa da democracia, de crítica ao radicalismo e pediu união entre os Poderes e as instituições.
"O Brasil só será o Brasil quando o presidente [da República], o Congresso, o Supremo [Tribunal Federal], as instituições andarem de braços dados", disse Datena.
O apresentador da TV Bandeirantes, que já passou por PT, PP, PRP e DEM disse que ingressa agora no MDB por entender que "este partido representa, acima de tudo, a base e a luta da democracia contra qualquer vento, contra qualquer sopro que ameace a democracia nacional".
"Escolho o partido que é um alicerce básico para a democracia do Brasil. Não existe nação sem democracia."
Datena disse que seu discurso não era recado a ninguém e afirmou por duas vezes gostar de Bolsonaro e considerá-lo "sujeito de bom coração", mas condenou ataques ao Congresso e à democracia.
"Polarização? Polarização esquerda, direita, centro? A palavra não é esta. Esta é uma palavra que representa ódio, quem principalmente sendo representado, este ódio, em rede social, onde tem muita gente importante, que tem opiniões importantes, mas há radicais que pretendem arranhar, todo dia, os princípios democráticos da nação", afirmou.
"Eu respeito a rede social, mas eu respeito muito mais liberdade de imprensa, respeito muito mais a liberdade que o povo brasileiro tem direito à informação. E o Congresso é fundamental neste aspecto", disse Datena.
O apresentador defendeu o Legislativo em sua fala aos aliados e disse que Bolsonaro está aprendendo seus limites.
"Nosso presidente da República, que eu gosto e acho que é um sujeito de bom coração, entende, a cada dia que passa, que os limites da Presidência da República são traçados pelo povo que o elegeu. Ele é o grande, hoje, inquilino do Poder como todos vocês e nós seremos inquilinos do Poder se eleitos pelo povo. Esta Casa representa nada mais nada menos que 210 milhões de brasileiros. E se assim não for entendido, não haverá nação, não haverá país", afirmou.
Após o ato de filiação, Datena ainda gravou uma entrevista com Maia -a quem fez vários afagos em seu discurso- para seu programa de TV.
Bolsonaro já havia mencionado sua vontade de ter Datena no partido que tenta criar, a Aliança pelo Brasil. Embora conte com o apoio do presidente, o apresentador nunca abandonou conversas com outras siglas e outros postulantes à Prefeitura de São Paulo, como Bruno Covas (PSDB) e Márcio França (PSB).
Datena criticou Bolsonaro, que, nesta manhã, apareceu na porta do Palácio da Alvorada com um humorista que ofereceu bananas aos jornalistas, que, diante do gesto, se retiraram da encenação.
"Evidente que não [é comportamento de presidente da República]. Como jornalista eu repudio isso. Qualquer reação contra a imprensa é uma reação contra mim, é minha classe. Repudio isso. Postura do presidente da República tem que ser a de um presidente, ele sabe disso", afirmou o apresentador.
Ao comentar as manifestações de 15 de março, disse que "autoridade alguma deve incentivar manifestações contra o Congresso".
Durante o Carnaval, o presidente chegou a compartilhar com amigos e aliados um vídeo convocando para as manifestações contra o Congresso e a favor de seu governo.