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Brasil confirma primeiro caso do novo coronavírus

Até esta quarta, mais de 80 mil pessoas foram infectadas e 2.708 morreram em decorrência da doença Covid-19.

Por Redação T5 Publicado em
Brasileiros desembarque coronavirus
Pedro Ladeira/Folhapress

SÃO PAULO, SP, E BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O Brasil registrou nesta terça-feira (25) seu primeiro caso do novo coronavírus. O teste de contraprova de um paciente na cidade de São Paulo que já havia sido notificado como caso suspeito também deu positivo.

Ratificada pelo Ministério da Saúde na manhã desta quarta (26), a informação havia sido confirmada pela reportagem com uma fonte envolvida no processo ainda na noite do dia anterior. Com isso, o Brasil passa a ser o primeiro país da América Latina com um caso confirmado do vírus.

Segundo o Hospital Israelita Albert Einstein, na capital paulista, o paciente foi atendido na segunda (24), e a Vigilância Epidemiológica estadual foi notificada no dia seguinte. "O paciente encontra-se em bom estado clínico e sem necessidade de internação, permanecendo em isolamento respiratório que será mantido durante os próximos 14 dias", afirma o hospital em nota. O homem está em casa.

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Antes de chegar a São Paulo, o paciente esteve na Itália a trabalho do dia 9 a 21 de fevereiro, período que coincide com a explosão de casos no país europeu, quando foram registrados mais de 220 casos de infecção pelo vírus.

A Anvisa afirmou em nota, na noite desta terça, que solicitou a companhia aérea a lista de passageiros do voo que trouxe o paciente ao Brasil, e que "aumentou a criticidade no monitoramento dos voos internacionais provenientes de países onde há casos confirmados da doença".

Na terça (25), a pasta havia divulgado que o primeiro teste realizado no paciente, ainda no hospital, tinha dado positivo para o Sars-CoV-2. As amostras foram enviadas ao laboratório de referência nacional, o Instituto Adolfo Lutz, para realização da contraprova, que confirmou a infecção.

Até esta quarta, foram confirmados no mundo todo mais de 80 mil casos da infecção pelo Covid-19, nome dado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) ao vírus surgido em Wuhan, na China, e 2.708 mortes em decorrência da doença.

Na Itália, foram registrados 320 casos e 11 mortes até esta quarta. O aumento no número de pessoas infectadas pode ter relação com falhas de procedimento em um hospital na região de Milão, onde foi internado um paciente considerado "número um", segundo informou o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte.


Além da confirmação do primeiro caso de contaminação pelo coronavírus em São Paulo, autoridades de saúde monitoram ao menos outros dois casos suspeitos da doença nos estados de Espírito Santo e Pernambuco. Em todos os casos, os pacientes chegaram ao país de viagem da Itália nos últimos dias.

No Espírito Santo, o paciente procurou atendimento numa UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Carapina, na noite desta terça (25). Na sequência, foi levado ao Hospital Estadual Dr. Jayme Santos Neves. A secretaria de saúde capixaba não informou se o paciente já foi submetido a algum exame.

Em Pernambuco, a mulher suspeita de ter sido contaminada pelo coronavírus já foi submetida a exames e foi encaminhada ao Hospital Universitário Oswaldo Cruz. O resultado dos exames serão conhecidos pelas próximas 72 horas.

Em São Paulo, o governo estadual, sob gestão de João Doria (PSDB), decidiu criar um comitê de contingenciamento para enfrentar a chegada do coronavírus.

O grupo será coordenado pelo infectologista David Uip e reunirá os maiores especialistas em doenças contagiosas do estado, como o infectologista Marcos Boulos, o diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, e o diretor do hospital Emílio Ribas, Luiz Carlos Pereira Junior.

"Guerra é guerra", disse Uip, que já foi contatado para assumir a função. Segundo ele, São Paulo está preparado para enfrentar o vírus. "O estado já passou por outras epidemias, como a do H1N1", afirmou o médico. Em 2009, foram registrados 1.900 casos da H1N1 na capital paulista e 9.000 em todo o estado.

Segundo ele, há planos de contingenciamento já elaborados para enfrentar a chegada do vírus. Eles precisam apenas ser atualizados e implementados.
Uma das primeiras providências deve ser isolar leitos de hospitais públicos e privados para receber eventuais pacientes infectados. Haverá também medidas de proteção a profissionais de saúde e estudos rigorosos sobre o fluxo de entrada de pacientes no sistema de atendimento e hospitalar.

Ele afirma que várias questões precisarão ser esclarecidas para a população -como a necessidade de uso de máscaras, por exemplo.

Elas precisam ser descartadas a cada período e cada pessoa teria que usar no mínimo três máscaras por dia. "Seriam 600 milhões de unidades por dia", afirmou Uip, notando que dificilmente as pessoas vão conseguir manter o uso das máscaras.

No último domingo (23), foram liberados os 34 brasileiros que haviam sido evacuados de Wuhan, epicentro da doença, e precisaram ficar em isolamento por 18 dias em uma base militar de Anápolis (GO). A quarentena foi encerrada após testes indicarem que eles não foram contaminados pelo novo coronavírus.
O grupo deixou a base militar com destino a oito estados e ao Distrito Federal: São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Paraná, Santa Catarina, Pará, Maranhão e Rio Grande do Norte. O deslocamento foi feito por duas aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira), sendo que uma delas foi utilizada também para transportar a comitiva do governo federal de volta a Brasília.



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