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Wajngarten busca centralizar verbas e fazer ponte com TVs

Por Redação T5 Publicado em
Publicitario Fabio Wajngarten
Wajngarten Wajngarten Foto: Reprodução / TV Cultura

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - No centro de um dos mais novos escândalos recentes do atual governo, o chefe da Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), Fabio Wajngarten, 44, assumiu o posto com a missão de centralizar no Palácio do Planalto a verba de publicidade da Esplanada dos Ministérios.

Coube também ao secretário fortalecer os laços com emissoras de televisão que façam contraponto à Rede Globo. A TV carioca é considerada pelo presidente Jair Bolsonaro uma adversária do governo.

A permanência de Wajngarten, porém, é vista agora como incerta.
Na quarta-feira (15), a Folha revelou que ele recebe, por meio de uma empresa da qual é sócio -a FW Comunicação-, dinheiro de emissoras de TV e agências de publicidade contratadas pela própria secretaria, ministérios e estatais do governo.

A Secom é a responsável pela distribuição da verba de propaganda do Planalto. O órgão também dita as regras para as contas dos demais órgãos federais. No ano passado, foram R$ 197 milhões em campanhas.

À frente da comunicação institucional da Presidência desde abril do ano passado, Wajngarten deu início à discussão para concentrar as agências de propaganda sob o comando da Secom.
Além disso, ele tem o objetivo de aumentar o poder da secretaria na deliberação sobre o orçamento federal destinado às ações publicitárias governamentais.

Hoje, as contas ministeriais são geridas de forma independente pelas pastas. A ideia é que passem para as mãos da Secom, turbinando a estrutura presidencial.
Um argumento é que a mudança, que pode ser implementada neste ano, poderá unificar o discurso institucional. Outro é tornar mais vantajosa para a administração pública a negociação com veículos de comunicação.

Ao todo, discutia-se contratar oito agências para atender a Esplanada e a Presidência.
A Folha apurou com interlocutores que participam das discussões que a estimativa é que as despesas com novos contratos sejam de cerca de R$ 300 milhões por ano.

Para executar esse plano, Wajngarten chegou ao governo com a bênção do vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente.

Na batalha da comunicação bolsonarista, Wajngarten ganhou a confiança do clã ao assumir a tarefa de aproximar o presidente a executivos de emissoras como Record, SBT, Rede TV! e Band.
Deu certo até aqui. Pelas mãos do secretário, Bolsonaro foi levado ao apresentador e empresário Silvio Santos, dono do SBT. O presidente ainda concedeu entrevistas a apresentadores como José Luiz Datena (Band) e Ratinho (SBT).

Foi na emissora do dono do Baú da Felicidade, como relatou em pronunciamento para se defender da reportagem da Folha, na quarta (15), que Wajngarten iniciou sua trajetória. Ele é próximo ainda ao deputado Fabio Faria (PSD-RN), genro do apresentador.
O secretário de Comunicação Social da Presidência é advogado, tem especialização em marketing e atua no mercado midiático desde então.

Além de conduzir Bolsonaro na relação com emissoras, Wajngarten também construiu pontes entre ministros e filhos do presidente até esses veículos.
Wajngarten acompanhou a participação do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e do senador Flavio Bolsonaro (sem partido-RJ) a um programa de Silvio Santos em julho passado.
Foi ainda por seu intermédio que o ministro da Justiça, Sergio Moro, concedeu entrevista ao programa do Ratinho.

Wajngarten conquistou a confiança de Bolsonaro justamente por criticar o que chama de monopólio da TV Globo.
Além dos meios de comunicação, Wajngarten ampliou o contato de Bolsonaro com a comunidade judaica de São Paulo.

No período de tratamento de Bolsonaro após o atentado a faca em Juiz de Fora (MG), Wajngarten tinha acesso frequente ao quarto do atual chefe no hospital israelita Albert Einstein.
Lá, Bolsonaro foi submetido a três cirurgias. O pai do secretário, Maurício Wajngarten, é médico cardiologista do Einstein.

Wajngarten chegou à família Bolsonaro ainda no período da pré-campanha, apresentado pelo advogado Frederick Wassef –que defende Flávio das suspeitas de "rachadinha" quando era deputado estadual no Rio.

Antes de colaborar com a campanha de Bolsonaro e ganhar um cargo no governo, Wajngarten, o filho, tentou emplacar no Brasil o grupo alemão GFK para concorrer com o Ibope, parceiro tradicional da Globo, em serviços de monitoramento da audiência e da veiculação publicitária.
O projeto, porém, ruiu.

Durante a formação de governo, contudo, acabou afastado do núcleo-duro do então presidente eleito por desentendimentos com Gustavo Bebianno.
Com a demissão de Bebianno da Secretaria-Geral após a Folha revelar esquema de laranjas no PSL, Wajngarten voltou a circular no Planalto. Adotou postura mais simpática a Carlos, que colecionava desafetos na gestão do pai.

Wajngarten é o segundo nome a ocupar a Secom no atual governo. Antes, Floriano Amorim passou pelo posto.
Desde que assumiu a secretaria, Wajngarten trabalhou para se fortalecer junto do presidente. Para isso, criou divergências com outros auxiliares palacianos.

Um dos casos foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, demitido do cargo de ministro-chefe da Secretaria de Governo após desgaste com a Secom e com Carlos.
Em pronunciamento feito à imprensa na noite de quarta, ele fez uma crítica velada a Santos Cruz. Disse que, quando chegou ao palácio, havia um ministro que não gostava de comunicação.

A Secom é subordinada à Secretaria de Governo, hoje chefiada pelo general Luiz Eduardo Ramos. Ele foi o único a sair em defesa publicamente de Wajngarten.

Com a partida de Santos Cruz, não se foram os atritos.
Outro conflito velado no Planalto é com o porta-voz da Presidência, o general Otávio Rêgo Barros, cuja atuação está esvaziada.

O secretário convenceu Bolsonaro a interromper a rotina de cafés da manhã com a imprensa. Wajngarten é entusiasta do modelo personalista de comunicação do chefe.
Apesar de ter chegado ao cargo com o apoio de Carlos, Wajngarten se distanciou do filho do presidente desde agosto. Na ocasião, ele foi obrigado a exonerar o então secretário de Imprensa Paulo Fona –um dos fundadores do PT no Distrito Federal.

Nas redes sociais, Carlos já chamou a comunicação do Palácio do Planalto de uma "bela de uma porcaria". A crítica do filho do presidente ficou sem resposta de Wajngarten. Ele preferiu ignorá-la para não se indispor com Bolsonaro.

Uma das principais preocupações do secretário e de aliados é que as suspeitas de irregularidades envolvendo sua gestão despertem a ira de Carlos. Até o momento, o vereador não se manifestou.

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