Cadeiras adaptadas facilitam acesso de deficientes à praia em Alagoas
O Praia Acessível envolve também pessoas com outros tipos de deficiência, com atividades adaptadas como corrida, caminhada e basquete
MACEIÓ, AL (FOLHAPRESS) - Na manhã do último sábado (11), a assistente social Paula Ravenala acordou antes das 6h. Aprontou-se e foi ao ponto de ônibus em sua cadeira de rodas. Foi banhar-se no mar na praia de Pajuçara, em Maceió, o atividade que se tornou hábito que ela pratica ao menos uma vez por mês.
A viagem demora mais de uma hora e meia, mas Paula não liga. Se acostumou a fazer tudo sozinha em sua cadeira. O fisioterapeuta e professor de educação física João de Barros chega para ajudá-la, empurrando uma cadeira de rodas anfíbia. É um modelo desenvolvido para ambientes externos que facilita o acesso à areia e ao mar.
A alagoana descobriu há três anos o projeto Praia Acessível, da Prefeitura de Maceió. "Eu não conseguia chegar ao mar antes da cadeira anfíbia, porque as normais atolam na areia e temos gastos com manutenção. Sempre ficava na calçada, só fazia caminhada. Como faço tudo sozinha, foi bom que a praia se tornasse um direito de todos", diz ela.
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São sete cadeiras anfíbias, disponíveis para empréstimos gratuitos por até sete dias. Dois dos equipamentos foram comprados pela prefeitura e os demais doados pelo banco Itaú. Estão disponíveis para alagoanos e para turistas.
O Praia Acessível envolve também pessoas com outros tipos de deficiência, com atividades adaptadas como corrida, caminhada e basquete.
João de Barros, idealizador do projeto, conta que trabalha todos os dias e fins de semana, mesmo fora do expediente como funcionário da prefeitura, dando banhos assistidos (em que ele acompanha a pessoa ao mar) ou emprestando as cadeiras anfíbias.
"Nesses momentos, sinto uma felicidade absurda, porque vejo essas pessoas sorrindo, sabe? Com todas as dificuldades que as pessoas têm, saem de casa, numa ação como essa... gera um bem-estar e uma alegria. Tenho muitas histórias boas, divertidas, e é algo que me orgulha fazer."
A reportagem acompanhou o dia de praia de Paula. Com ajuda de João, ela entrou no mar e misturou-se logo aos outros banhistas. Um menino de boias se aproximou e ficou conversando. A mãe dele também se interessou pelo projeto. Quando João e Paula saíram da água, uma família já aguardava para receber outra cadeira.
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Katya Hemelrijk da Silva chegou a Maceió em 25 de dezembro à noite e pegou a cadeira com João no outro dia, pela manhã. Estavam conversando desde o começo de novembro, mas ainda havia insegurança de que o projeto realmente possibilitaria a ela uma experiência diferente em Alagoas.
Quando ela e o marido conheceram João e tiraram todas as dúvidas sobre a cadeira, Katya se alegrou. Paulista, ela voltava ao estado no qual passou sua lua de mel depois de 11 anos para ter uma experiência diferente. Quando leu sobre o empréstimo da cadeira, conta ela, pensou na liberdade.
"Ao viajarmos, sempre procuramos um lugar que tenha uma boa acessibilidade, para que eu possa aproveitar com meu esposo e filhos. A cadeira anfíbia nos fez conhecer muita coisa sem muito trabalho ou esforço físico. Em outros lugares, as pessoas ficam com medo de nos deixar aproveitar, ficam em cima, e aqui eu senti liberdade. Foi tudo muito leve."
O relato dela, no Facebook, ganhou repercussão, e, segundo Barros, deu ainda mais visibilidade ao projeto. Mais pessoas passaram a pedir emprestada a cadeira. Interessados podem agendar o uso das cadeiras por meio do telefone (82) 99102-4596.
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