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Com preço em alta, carne vermelha vira até presente de Natal

Os dados mostram que a alta de alguns cortes de carne vermelha chegaram a 46,49%

Por Redação T5 Publicado em
Carne

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Os consumidores lotaram mercados e supermercados nesta segunda-feira (23) para garantir os últimos itens da ceia. Com o aumento recorde no preço, a carne para churrasco virou até presente de Natal neste ano.

É o caso do churrasqueiro Adilson Martins, 43 anos. Ele foi ainda de manhã ao Mercado Municipal de São Paulo, na região central da capital paulista, e levou quatro bifes (grossos) de contrafilé, um quilo de fraldinha, um quilo de linguiça suína e uma peça de picanha argentina para presentear um amigo. No total, ele gastou mais de R$ 240. "Está tudo muito caro, mas sem carne a gente não fica", diz ele.

Os dados mostram que a alta de alguns cortes de carne vermelha chegaram a 46,49% na capital paulista, em 12 meses, como é o caso do filé-mignon, segundo levantamento da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).

A alta no preço reflete em queda no consumo. No domingo (21), o movimento era intenso no Mercado Municipal, porém, os comerciantes relataram redução das vendas em relação ao ano passado. No açougue Boi Feliz, especializado em carne bovina, a expectativa é de faturamento 20% menor em relação a 2018.

O contabilista Marcos Eduardo, 59, gastou no Mercadão R$ 30,53 em um quilo e meio de lombo bovino que será consumido no Natal e disse estar preocupado com a alta no ano que vem. "Estou preocupado com o preço da carne para o meu aniversário, que é em fevereiro. Se não cair, vou ter que cancelar o churrasco", fala.

Para driblar a inflação, o consumidor tem migrado para outras carnes, como a de porco. Se o Boi Feliz teve queda nas vendas, o açougue Porco Feliz, dos mesmos donos, tinha fila. Lá, a estimativa é vender 250 pernis e 300 leitões por dia. "Normalmente as pessoas compram porco para o Natal e boi para churrasco de Ano-Novo. Este ano, pode ser que apostem no porco para as duas datas", considera o gerente Jorge José.

Ao observar o comportamento dos clientes, Sandra Maria Muffo, do açougue Invernada Grande, mantido desde 1933 pela família, passou a vender carne suína em outubro deste ano como estratégia. "Tivemos que diversificar para não perder cliente", diz ela, que estima uma queda nas vendas de 50% em relação ao mesmo período do ano passado.

No Açougue Irmãos Hollup, a clientela também diminuiu cerca de 20% ante 2018, segundo Wellington Cuenca, um dos proprietários. "O preço da carne de porco aumentou muito e não caiu", diz ele, que vende pernil com osso a R$ 18 o quilo e o leitão a R$ 38.

Os dados da Fipe mostram que o pernil com osso foi a carne que ficou mais cara em 12 meses, na capital. A alta foi de 50,39%, seguida por outros cortes, como lombo de porco com osso, que subiu 24,02%. Bacalhau (15,73%) e as aves natalinas em geral (10,82%) também encarecem a cesta do Natal, que teve aumento geral de 3,19%.

BANCAS DE FRUTAS

Consumidores também têm deixado de comprar as tradicionais frutas de fim de ano. Proprietário da Império das Frutas, Victor Lopes estima queda de 10% do número de clientes em relação a 2018. "Parece que o Natal está perdendo a tradição. Para 2020, não sei se vai melhorar, depende da economia."

Rodolfo Cesar, gerente no Empório das Frutas, considera que o movimento caiu pela metade em 2019, mas é otimista. "Espero que, nesta última semana, dê uma melhorada."

Poucos clientes caminhavam no mercado Kinjo Yamato, na região central de São Paulo, em frente ao Mercadão. Dono de uma banca de frutas, Justino Neto considera que o segundo semestre do ano foi pior. "O pessoal tem reclamado do preço dos produtos, mas não consigo baixar", diz ele, que vendia cereja a granel a R$ 60 o quilo.



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