Associação pede investigação de Bolsonaro por obstrução de Justiça
ABI alega que presidente teria cometido crime ao pegar ligações telefônicas na portaria de seu condomínio no Rio, no âmbito das investigações do assassinato de Marielle Franco
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) solicitou ao Supremo Tribunal Federal (STF) a investigação do presidente da República, Jair Bolsonaro, e seu filho, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), para apurar se os dois cometeram crime de obstrução de Justiça.
O pedido para que ambos sejam alvo de inquérito tem relação com as investigações do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, ocorrido em março de 2018, no Rio de Janeiro.
Bolsonaro confessou ter obtido dados relativos a ligações realizadas pela portaria do Condomínio Vivendas da Barra, onde tem casa, e as residências dos condôminos.
"Nós pegamos antes que fosse adulterado, pegamos lá toda a memória da secretária eletrônica, que é guardada há mais de ano. A voz não é minha", disse o presidente.
Segundo uma reportagem exibida no Jornal Nacional, o porteiro do condomínio contou à polícia que, horas antes do assassinato de Marielle Franco e de Anderson Gomes, o ex-policial Élcio Queiroz, suspeito de participação no crime, teria dito que iria à casa 58, na qual Bolsonaro morava.
"Revela-se ainda mais temerário o acesso protagonizado pelo presidente e pelo vereador aos elementos probatórios. A cadeia de custódia, cujo objetivo é justamente assegurar a idoneidade dos objetos e bens analisados pela perícia ou apreendidos pela autoridade policial, a fim de evitar qualquer tipo de dúvida quanto a sua origem e caminho percorrido durante a investigação criminal e o respectivo processo, resta abalada, sendo imprescindível uma ação das autoridades competentes para, além de preservar a idoneidade das investigações, apurar possíveis interferências dolosas", disse a ABI.
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