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Crianças não podem ser consideradas psicopatas, dizem especialistas

Nessa fase, o mais correto é falar em transtorno de conduta, que ainda pode ser atenuado e até desaparecer.

Por Redação T5 Publicado em
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PHILLIPPE WATANABE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Crianças e adolescentes podem ser diagnosticadas como psicopatas? Segundo especialistas ouvidos pela reportagem, não. Nessa fase, o mais correto é falar em transtorno de conduta, que ainda pode ser atenuado e até desaparecer.

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As características da psicopatia e do transtorno de conduta, porém, são as mesmas: insensibilidade, manipulação, ausência de remorso e empatia, sedução, comportamento violento, agressividade, tendência a responsabilizar os outros, comportamento antissocial, tendência ao tédio, mentiras e individualismo. Os traços são constantes e perceptíveis por quem vive próximo.

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Hilda Morana, especialista em psicopatia e psiquiatra forense pela USP, afirma ainda que é normal que crianças com o transtorno sejam atraídas pelo perigo, ajam de maneira cruel com animais, tenham crises de birra e matem aulas.

"O que divide a normalidade de anormalidade é a frequência e intensidade dessas características. Todos temos um pouquinho delas. O problema é quando isso começa a ser o fio condutor do funcionamento da pessoa", afirma Antonio de Pádua Serafim, coordenador do núcleo forense do IPq-USP (Instituto de Psiquiatria).

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Sem uma avaliação ou o relato de pessoas próximas, é difícil, senão impossível, atribuir tais características ao garoto de 12 anos que, segundo a polícia, confessou ter matado a menina Raíssa Eloá Capareli Dadona, 9, no domingo (29). Antes do crime, o menino afirma que estava brincando com a garota.

Também se deve levar em conta que a percepção de frieza relatada pelos policiais que participaram da investigação não necessariamente pode ser traduzida como parte da personalidade do garoto.

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De acordo com Serafim, pode haver um prejuízo do entendimento da ação cometida. "Às vezes lidamos com indivíduos muito limitados do ponto de vista pedagógico e cultural para compreender a gravidade de seu comportamento. E as pessoas entendem isso como frieza", diz.

Mas, se de fato o garoto a agrediu brutalmente, Serafim diz que a hipótese de um quadro de transtorno de conduta pode ser considerada. O diagnóstico preciso envolve psiquiatras e psicólogos especializados na área e testes e entrevistas com pais e familiares.
Serafim lembra que a agressividade é parte da natureza humana. O sinal amarelo deve ser aceso quando ela é usada em ações violentas, como maus tratos a colegas.

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A escola é uma grande aliada na detecção do problema.
"Como as características do transtorno confrontam as normas, os afetados têm muita dificuldade de se adaptar às regras e vão sempre tentar manipulá-las e corrompê-las", afirma Serafim.

Conforme os comportamentos fora do padrão são percebidos, os familiares devem procurar psicólogos e psiquiatras especializados para conseguir um diagnóstico correto, tratamento e orientação sobre como lidar com o jovem.
Morana afirma que castigos não têm efeito sobre quem tem o transtorno. Medicações que inibem a excitabilidade mas não curam o problema podem ser indicadas.

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Os traços psicopáticos estão presentes entre 1% e 3% da população.
Em adultos, estudos têm apontado alterações cerebrais anatômicas em pessoas diagnosticadas como psicopatas. Uma delas é a baixa ativação das amígdalas, região do cérebro associada com experiências de medo e memória afetiva. A outra é um lobo frontal reduzido, o que pode estar associado a comportamentos impulsivos e irresponsabilidade.

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Graças à maturação cerebral, um jovem com transtorno de conduta não necessariamente se tornará um psicopata no futuro.



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