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Universidade de Pernambuco cita ameaças e cancela palestra de ativista judeu

O palestrante seria o cientista político André Lajst, um ex-soldado das Forças de Defesa de Israel e diretor-executivo de uma ONG que defende o sionismo

Por Redação T5 Publicado em
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IGOR GIELOW- SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Universidade de Pernambuco (UPE) cancelou palestra que ocorreria nesta quinta (22) sobre o processo de paz entre palestinos e israelenses sob alegação de ter recebido ameaças de um grupo pró-árabes.

O palestrante seria o cientista político André Lajst, um ex-soldado das Forças de Defesa de Israel e diretor-executivo de uma ONG que defende o sionismo.

"Tive de cancelar o evento por motivo de segurança. Desde as 8h a Associação Pró-Palestina e Muçulmana de Recife (nem sabia que isso existia) me telefonou de forma dura e grosseira, ameaçando a mim, ao palestrante e a universidade", escreveu Karl Schurster, assistente internacional da universidade estadual e moderador do debate.

Ele enviou a mensagem a um grupo de professores da UPE. A reportagem tentou falar com Schurster, sem sucesso.

Aqui começa uma guerra de versões. A palestra de Lajst havia sido criticada por uma entidade de apoio aos palestinos em Recife, a Aliança Palestina - Pernambuco.

Em postagem na terça (20) em sua página no Facebook, o grupo havia criticado o que considerava falta de isonomia da universidade em convocar um debate sobre o tema sem trazer também um representante ligado aos palestinos.

Também na rede social, Lajst retrucou no mesmo dia com um vídeo no qual acusava a Aliança de boicotá-lo e convidava seus membros a participar do debate.

"De acordo com eles, eu sou radical ou extremista. Nunca defendi crime contra quem quer que seja. Se quiserem participar do diálogo, debater comigo, espero vocês lá", afirmou. Em nenhum momento o nome da Associação Pró-Palestina e Muçulmana de Recife surgiu, talvez porque ela não exista.

"Conhecemos vários grupos, nunca ouvimos falar desse. Não queremos boicotar a palestra, ao contrário, queremos participar", afirma Pedro Valença, um dos nove membros da Aliança que controla a página na internet.

Ao longo da terça, houve trocas de acusações nos comentários ao vídeo de Lajst, que nesta quarta (21) enfim postou um informe lamentando o cancelamento e acusando a Aliança por ele.

"Não temos nada a ver com essa justificativa para cancelar o evento", diz Valença, que é administrador de empresas na capital pernambucana.

Em 2016, a Aliança realizou um simpósio em conjunto com o Centro de Educação da Universidade Federal de Pernambuco sobre direitos humanos na Palestina, ao qual participou um professor de origem judaica como contraponto à majoritária presença de ativistas pró-palestinos.

Valença acusa a UPE de abrigar um evento custeado pelo "poder financeiro do movimento sionista". Lasjt, neto de um sobrevivente do Holocausto, afirma ter feito mais de 500 palestras pelo Brasil com apoio da ONG StandWithUs Brasil, que ele dirige.

Ele se diz um sionista, ou seja, um defensor do estabelecimento de um Estado judeu nas terras da Palestina, tal e qual ocorreu em 1948, após os horrores do nazismo na Europa.

Por ter servido no Exército israelense, suas posturas costumam ser alvo de protestos. Em agosto do ano passado, ele teve uma palestra na Universidade Federal do Amazonas interrompida por um grupo de ativistas que o chamaram de genocida.

Seguiu-se uma altercação, e ele acabou expulsando os ativistas do evento, sendo na sequência acusado de agressão por um deles, que tivera seu cartaz de protesto arrancado da mão.

"Infelizmente, não é a primeira vez que palestras minhas são canceladas 'por motivos de força maior', que hoje faço questão de denunciar", escreveu o palestrante.



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