Bolsonaro afirma que limitação em disparos no WhatsApp foi censura a ele
"Temos que lutar contra isso", declarou o presidente
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), criticou nesta sexta (12) a limitação no encaminhamento de mensagens pelo aplicativo WhatsApp -considerando a medida, em vigor desde janeiro, uma forma de censurá-lo.
Nas eleições do ano passado, bolsonaristas tiveram como uma das principais estratégias de campanha a atuação por meio de redes sociais e aplicativo de mensagens.
Em janeiro deste ano, o WhatsApp anunciou a limitação do número de destinatários para encaminhar mensagens, permitindo apenas cinco por vez.
"Uma maneira de me cercear foi diminuir o alcance do WhatsApp", disse Bolsonaro em uma transmissão ao vivo nas redes sociais.
"Há censura em cima disso. Temos que lutar contra isso", afirmou o presidente, que também reclamou da diminuição de seu alcance no Facebook.
+ Mãe flagra idoso abusando sexualmente de sua filha de 11 anos em Queimadas, na PB
Bolsonaro entrou nesse assunto ao insinuar, sem mencionar o nome do partido, que o PT quis censurar a mídia e que ele próprio jamais faria isso.
O presidente disse que ele trabalha pela liberdade de imprensa, apesar de afirmar que raramente lê os jornais porque, caso contrário, começa "envenenado" o seu dia.
Em 2018, a Folha de S.Paulo revelou que empresários impulsionaram disparos por WhatsApp contra o PT na campanha eleitoral.
Uma semana depois, o UOL mostrou que o PT também usou o sistema de envio de mensagens em massa e que a agência responsável pela campanha de Jair Bolsonaro teve registros de uso de um sistema apagados após a reportagem anterior da Folha de S.Paulo.
Oito meses depois de o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) abrir uma ação para apurar o impulsionamento de mensagens pelo WhatsApp durante as eleições, o processo ainda engatinhava, sem que ninguém tivesse sido ouvido.
No mês passado, reportagem da Folha de S.Paulo revelou que, segundo gravações obtidas do espanhol Luis Novoa, dono da Enviawhatsapps, empresas brasileiras contrataram uma agência de marketing na Espanha para fazer, pelo WhatsApp, disparos em massa de mensagens políticas a favor de Bolsonaro, então candidato a presidente.
Na ocasião, Bolsonaro afirmou que, assim como houve disparos favoráveis, também houve milhões de mensagens contrárias.
Disparos em massa utilizam sistemas automatizados que não são permitidos pela legislação eleitoral.
Além disso, pagamentos em benefício de um determinado candidato teriam de ser declarados à Justiça Eleitoral –do contrário, podem configurar caixa dois.
Bolsonaro apresentou a live ao lado do apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus, e do deputado federal Missionário José Olimpio (DEM-SP), ligado à mesma igreja.
Apesar de se declarar católico, o presidente tem nos evangélicos uma de suas principais bases de apoio. Desde quarta (10), esteve em três diferentes eventos com membros de igrejas e com a frente parlamentar e declarou que pretende indicar um ministro "terrivelmente evangélico" para uma vaga no Supremo Tribunal Federal.
Ao longo da transmissão Bolsonaro disse que, independentemente do que faça, será alvo de críticas, mas ponderou que "muitas vezes a crítica nos reorienta".
Bolsonaro disse querer deixar o Brasil melhor para todo mundo e que pressionará sua assessoria para encaminhar logo ao Congresso um projeto de lei que estabeleça o voto impresso. Também afirmou não ter projeto de poder.
"Eu não tenho um projeto de poder como a gente sabe que o outro partido lá atrás tinha. E o poder é baseado em mentira e assalto ao bem público", afirmou.
Bolsonaro disse saber que há pessoas mais preparadas, mas que é ele quem está na posição de decidir o futuro dos brasileiros.
"Sei que tem muita gente mais competente do que eu, mais preparada que eu, sei disso. Mas daqueles 13 candidatos [na última eleição presidencial], você tinha que escolher alguém", afirmou.
"Quer você queira ou não, a minha caneta BIC aqui decide o futuro da sua vida", disse aos internautas.