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Hacker se vangloriou de invadir conta de Moro, diz colega preso à Polícia Federal

Por Redação T5 Publicado em
Policia federal levantamento
Polícia Federal Polícia Federal Foto: Reprodução / DR

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Gustavo Henrique Elias Santos, 28, preso na última terça-feira (23), afirmou à Polícia Federal que seu colega Walter Delgatti Neto, 30, também preso, mandou-lhe uma mensagem se vangloriando de ter invadido a conta do aplicativo do Telegram do ministro Sergio Moro (Justiça).

Delgatti é apontado pela PF como líder do grupo que fez ataques hackers nos últimos meses, atingindo especialmente procuradores da Lava Jato.

O teor do depoimento de Gustavo foi revelado neste sábado (27) pelo site G1. Ele disse ainda que também teve sua conta invadida pelo amigo, que conhece há mais de dez anos. 
Para a polícia, Delgatti confessou ter sido autor dos ataques.

Na quinta (25), a Folha de S.Paulo revelou que ele afirmou na oitiva que encaminhou as mensagens ao jornalista Glenn Greenwald de forma anônima, voluntária e sem cobrança financeira.

No depoimento, Gustavo falou que, em um dia no mês de fevereiro, logo que acordou viu seu celular com diversas mensagens do Whatsapp e do Telegram, com códigos de acesso. 
Em seguida, percebeu que não podia mais entrar em suas contas nos aplicativos e começou a desconfiar que poderia ter sido Delgatti, por ser uma pessoa que teria "audácia" para fazer realizar a invasão.

Segundo ele, Delgatti assumiu ter sido o autor e, dias depois, enviou uma reportagem de um veículo da imprensa para Gustavo que falava sobre a invasão ao celular de Moro, se "vangloriando".

Gustavo ainda disse que recebeu uma chamada de FaceTime do amigo, que mostrou uma tela do computador com pastas de supostas vítimas dos ataques que tinha feito. Um dos ícones tinha justamente o nome do ministro da Justiça. 
O juiz Vallisney de Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, afirmou em um despacho nesta sexta-feira (26) que há firmes indícios de que o grupo de hackers cometeu ao menos três crimes.

O magistrado aponta quadrilha, invasão e captura ilegal de dados –penas vão de 3 meses a 8 anos de prisão.

Quatro pessoas suspeitas de terem participado da invasão de celulares de autoridades foram presas de forma temporária na última terça (23) em uma operação da PF. A Justiça determinou a prorrogação da prisão, por mais 5 dias.

ENTENDA A OPERAÇÃO

Qual o resultado da operação da PF?

Nesta terça (23), quatro pessoas foram presas sob suspeita de hackear telefones de autoridades, incluindo Moro e Deltan. Foram cumpridas 11 ordens judiciais, das quais 7 de busca e apreensão e 4 de prisão temporária nas cidades de São Paulo, Araraquara (SP) e Ribeirão Preto (SP). Os quatro presos foram transferidos para Brasília, onde prestariam depoimento à PF

As prisões têm relação com as mensagens trocadas entre Moro e procuradores da Lava Jato divulgadas desde junho pelo site The Intercept Brasil?

Walter Delgatti Neto, um dos suspeitos presos na operação de terça, afirmou em depoimento que encaminhou as mensagens que obteve ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site, de forma anônima, voluntária e sem cobrança financeira. Não há até agora indício de que tenha havido pagamento pelo material divulgado, segundo investigadores.

Como a investigação começou?

O inquérito em curso foi aberto em Brasília para apurar, inicialmente, o ataque a aparelhos de Moro, do juiz federal Abel Gomes, relator da Lava Jato no TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), do juiz federal no Rio Flávio Lucas e dos delegados da PF em São Paulo Rafael Fernandes e Flávio Reis. Segundo investigadores, a apuração mostrou que o celular de Deltan também foi alvo do grupo.

Quando Moro foi hackeado?

Segundo o ministro afirmou ao Senado, em 4 de junho, por volta das 18h, seu próprio número lhe telefonou três vezes. Segundo a Polícia Federal, os invasores não roubaram dados do aparelho. De acordo com o Intercept, não há ligação entre as mensagens e o ataque, visto que o pacote de conversas já estava com o site quando ocorreu a invasão

O conteúdo das mensagens será destruído, como chegou a afirmar Moro?

Para especialistas ouvidos pela Folha, uma decisão nesse sentido cabe apenas ao juiz responsável pelo caso. O professor de direito processual penal da PUC-SP Cláudio Langroiva diz que o magistrado pode optar por manter todo esse material intacto e sob sigilo até que o processo tenha uma decisão final. Esses materiais, por exemplo, podem ser úteis tanto à acusação quanto à defesa ao longo de uma eventual ação penal. Outra possibilidade é o Ministério Público pedir o descarte de parte dessas provas antes da sentença, desde que ela já tenha sido periciada e que uma parcela de informações básicas continue armazenada.

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