Mais de 340 ONGs pedem que Europa e Canadá suspendam negócios com o Brasil
O documento diz que "desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019, temos testemunhado o crescimento de violações a direitos humanos, ataques a minorias, populações indígenas, LGBTQ e comunidades tradicionais".
Mais de 340 organizações internacionais assinam uma carta aberta pedindo que a União Europeia interrompa imediatamente as negociações comerciais com o Brasil. O pedido acontece em meio a tratativas para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia.
Endereçado aos presidentes da comissão, do conselho e do parlamento europeus nesta segunda (17), o documento diz que "desde o início do governo Bolsonaro, em janeiro de 2019, temos testemunhado o crescimento de violações a direitos humanos, ataques a minorias, populações indígenas, LGBTQ e comunidades tradicionais".
"Além disso, a administração continua a ameaçar o funcionamento democrático básico da sociedade civil, enquanto instiga ataques a algumas das regiões mais preciosas e ecologicamente valiosas do mundo", continua.
Assinada por mais de 340 organizações internacionais, na maioria de países europeus, a carta tem cinco demandas:
- a interrupção imediata das negociações de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul;
- a garantia de que os produtos brasileiros consumidos pelo bloco europeu não contribuem para o desmatamento, grilagem de terras e violação de direitos humanos;
- o pedido de confirmação formal de que o governo brasileiro está comprometido com a implementação do Acordo de Paris;
- o apoio a ONGs brasileiras que trabalham pelos direitos humanos e pelo funcionamento da democracia;
- e, finalmente, o monitoramento sobre violações de direitos humanos, incluindo investigação de casos e proteção a quem estiver sob risco, como defensores ambientais e populações indígenas.
Preocupações semelhantes foram enviadas ao governo de Justin Trudeau por nove organizações canadenses na semana passada. "Exigimos que o governo canadense interrompa as negociações com o Brasil para acordo de livre comércio entre o Canadá e o Mercosul", pede a carta, enviada no último dia 10 ao primeiro ministro e também à ministra de Relações Exteriores, Chrystia Freeland e ao ministro de Negócios Internacionais do Canadá, Jim Carr.
"Assinar um acordo com esse regime extremista de direita só exacerbará os riscos para as pessoas e o meio ambiente", diz o documento.
Em maio, outra carta assinada por 600 cientistas europeus havia feito pedido semelhante, exigindo que a União Europeia deixasse de importar produtos brasileiros ligados a desmatamento. A publicação foi apontada como motivo para a desistência da viagem que o ministro do Meio Ambiente faria na semana seguinte ao continente europeu.