Promotoria apura se uso ilegal de dados afetou brasileiros no Facebook
Escândalo sobre uso indevido de dados envolveu 50 milhões de usuários da rede social
O Ministério Público do Distrito Federal abriu inquérito para apurar se as suspeitas de uso ilegal de dados de usuários do Facebook pela consultoria britânica Cambridge Analytica atingiram os brasileiros com contas na rede social.
O inquérito civil público (ICP) foi instaurado por meio da Comissão de Proteção dos Dados Pessoais, da 2ª Promotoria de Justiça Criminal e da 1ª Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor, "considerando que existem suspeitas de que a Cambridge Analytica pode estar fazendo uso, de forma ilegal, dos dados pessoais de milhões de brasileiros, usuários do Facebook ou não, para fins da construção de perfis psicográficos em escala nacional e regional."
No sábado (17), o jornal The New York Times revelou que a Cambridge Analytica, que participou da campanha de Donald Trump, obteve dados sigilosos de 50 milhões de usuários do Facebook e usou as informações para ajudar a eleger o presidente americano em 2016.
Para a abertura do inquérito, o ministério diz ter considerado "a gravidade dos fatos, o risco de prejuízos relevantes aos consumidores e a quantidade de possíveis titulares dos dados pessoais afetados." Além disso, cita que foram abertas diversas frentes de investigação para apurar o caso pelo mundo, como a da Comissão Federal de Comércio dos EUA.
Segundo os promotores Frederico Meinberg Ceroy e Paulo Roberto Binicheski, deve ser intimado para depor André Torretta, presidente da Ponte Estratégia, que anunciou em 2017 um acordo operacional com a Cambridge Analytica no Brasil.
Torretta disse ter sido surpreendido pelo noticiário envolvendo a Cambridge. "Eu tomei um susto", declarou o empresário. "Eu não tive nunca acesso aos dados que estão dizendo por aí."
Em nota no sábado, a Ponte havia anunciado a suspensão do acordo com a Cambridge "até que tudo seja esclarecido".
À reportagem Torretta deu a entender que não há perspectiva de retomada: "Difícil a galinha voltar para o ovo". Com informações da Folhapress.