Taxa de feminicídios dobra em Alagoas e fica como a mais alta do país
O levantamento foi feito pelo G1 com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal
Embora o estado tenha apresentado seguidas reduções no número total de assassinatos, Alagoas mostra a maior taxa de feminicídios do país, 2,5 a cada 100 mil mulheres, a mesma do Acre. Na sequência, aparecem Mato Grosso (2,3), Mato Grosso do Sul (2,1) e o Distrito Federal (2,1). A média nacional é de 1,2 feminicídio a cada 100 mil mulheres.
O levantamento foi feito pelo G1 com base nos dados oficiais dos 26 estados e do Distrito Federal e faz parte do Monitor da Violência, uma parceria do G1 com o Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. No próximo domingo (8), é celebrado o Dia Internacional da Mulher.
Feminicídio x homicídio
Nem todo assassinato de mulher é um feminicídio. É considerado feminicídio quando a mulher é morta em crime de ódio, motivado pela condição de gênero. Em qualquer outra circunstância, o caso é registrado como homicídio doloso.
A legislação que define o feminicídio foi criada em 2015. Desde então, as delegacias de todo o país têm mudado a forma de registro dos crimes, seguindo os critérios legais. De 2017 para 2018, os dois tipos de crimes registraram queda, mas em 2019 houve uma salto nos casos de feminicídios.
O coordenador da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Maceió, delegado Eduardo Mero, avalia que é possível um aumento na criminalidade, mas também considera a possibilidade de haver um erro de análise desses dados no momento do registro do crime.
"É bom verificar com cada unidade policial onde houve morte de mulher pra confirmar se essa morte é feminicídio ou não para aí ter um dado mais concreto e definir se houve um aumento”, pondera Eduardo Mero.
Seguindo a tendência de todo o estado, os números de feminicídios em Maceió também aumentaram, passando de 6 em 2018 para 10 em 2019. Mas o coordenador da DHPP afirma que a tendência para 2020 é de queda.
Neste ano, a capital já registrou seis assassinatos de mulheres, mas o feminicídio já foi descartado em metade deles. “Desses seis casos, três já tem identificação dos autores e que estão relacionados ao tráfico de drogas. E esses casos não são considerados feminicídios e sim homicídios”, explicou Eduardo Mero.
O delegado orienta que a mulher denuncie qualquer caso de agressão física ou verbal. Ele lembrou que na capital e em Arapiraca existem as delegacias da mulher com atendimento especializado, multidisciplinar para mulheres vítimas de tipo de violência.
“A gente pede que as mulheres se encorajem, confiem na polícia, na apuração policial e denunciem esses companheiros que são agressivos tanto de violência física ou psicológicas, ameaças. Essas denúncias tem que ser feitas para que a polícia tome medidas imediatas e evitem a morte”, orientou Mero.