Senado/2026: João e Veneziano se projetam como favoritos; o bolsonarismo corre por fora, com chances
Disputa para vagas de senador na Paraíba em 2026 é esperada com expectativa de confronto particularmente intenso

Pelos movimentos que se imagina, a disputa para as duas vagas de senador na Paraíba em 2026 é esperada com a expectativa de um confronto particularmente intenso, talvez até fora do normal para eleições da mesma natureza. A expectativa tem algum fundamento, mas talvez não seja para tanto. Bom, primeiro, ver as linhas postas.
De início, interessante observar que, apesar do prenúncio de disputa intensa, ainda há pouca disponibilidade de candidatos. Sobram candidatos a governador, mas existe economia de postulantes ao Senado, cargo ao qual poderia haver um maior número de candidatos, uma vez que são duas as vagas abertas à concorrência.
É essa realidade (poucos candidatos) que pode estreitar os campos de disputa e, assim, tornar a campanha mais acirrada.
À rigor, por exemplo, existem apenas duas candidaturas postas até o momento: a do governador João Azevedo (PSB), que, apesar de não ter assumido a pretensão formalmente, se faz natural pelas circunstâncias políticas que a envolve, e a do senador Veneziano Vital do Rego (MDB), natural candidato à reeleição. Além disso, talvez seja justo, já agora, registrar também a possibilidade real de uma terceira candidatura, com potencial de sucesso, que é a do PL ou do esquema bolsonarista, com os nomes do pastor Sergio Queiroz ou do ex-ministro Marcelo Queiroga.
Por que não existem seis, sete ou oito candidatos ao Senado? Exatamente pelo grau de dificuldade que a disputa vislumbra desde já. Parece que poucos vão querer arriscar. Não será exagero se afirmar que, em termos de oferta de candidatos, a disputa para governador será mais abundante que a eleição para o Senado.
Falta muito tempo para o pleito, mas, diante do quadro do momento, não dá para deixar de enxergar, antecipadamente, a existência de algum favoritismo ou tendência de favoritismo no embate eleitoral para senador em torno dos nomes do governador João Azevedo e do senador Veneziano Vital do Rego, com o bolsonarismo correndo por fora, com chances.
Trunfos de João
Seja como for, em qualquer cenário de disputa que se desenhe, o governador João Azevedo vai entrar na disputa como favorito, porque todos os governadores entram como favoritos nessa disputa.
Além disso, João deverá se beneficiar da aprovação do governo, colhendo frutos das obras que plantou agora, e deverá contar com o apoio de ampla maioria de prefeitos e deputados. Nas duas eleições que disputou para governador, João venceu exatamente nos municípios do interior, com a força dos prefeitos.
Existe ainda quem duvide da candidatura de João Azevedo a senador. Mas não há razões para dúvidas. As condições são muito favoráveis e, além da força da Paraíba, ele deverá ser o candidato da direção nacional do PSB, que hoje tem três senadores e todos com mandatos expirando em 2026. O PSB precisa da candidatura de João.
O governador deverá ser também o nome do presidente Lula, que vai buscar candidatos aliados que tenham potencial de vitória para fazer frente ao propósito do ex-presidente Jair Bolsonaro de conquistar maioria no Senado.
Todas as circunstâncias indicam que a candidatura de João Azevedo ao Senado terá amplo lastro de estrutura e de apoio, o que esmaece todas as dúvidas em torno de sua efetivação.
Cartas de Veneziano
Do outro lado, com o deputado Hugo Motta na presidência da Câmara, o outro nome que, na conjuntura atual, se põe como favorito é o do senador Veneziano Vital do Rego. Primeiro, por ser contraponto ao governador João Azevedo. Depois, pela estrutura que construiu como senador ligado ao presidente Lula, liberando emendas parlamentares e firmando compromissos com prefeitos (seriam 140, segundo sua contabilidade) e, ainda, por estar se constituindo no principal candidato das oposições.
Veneziano é hoje o principal candidato do grupo Cunha Lima, do esquema do senador Efraim Morais e dos deputados federais e estaduais, assim como da maioria de prefeitos, da oposição.
Perceba-se que a estratégia de Veneziano é de apostar na ideia que o eleitor tenderá a escolher um candidato de um lado e o segundo, do outro lado. A construção parece semelhante à do senador Efraim Filho em 2022, recebendo apoios de aliados do governador (Republicanos) e de prefeitos, que votaram nele e em Pollyana Werton.
A ideia que o eleitor divide o voto para permitir o equilíbrio de forças no Estado é mito, mas a estratégia já deu certo e pode se repetir. Veneziano não tem embaraço na busca de se fazer um dos dois candidatos a senador mais importantes. Faz-se pela força dos recursos que transfere de Brasília e pela ausência de outros candidatos nas demais forças políticas estaduais. Veja-se que o esquema do governador ainda não tem o segundo candidato e, com certeza, o próprio Veneziano está agindo e deverá agir para que o segundo candidato de sua aliança de oposição seja de menor potencial do que o dele. Por isso, o nome de Veneziano se inscreve no quadro de favoritos.
Fichas no bolsonarismo
Em que pese a estruturação e o peso dessas duas candidaturas, não se pode desprezar a perspectiva da terceira postulação que se desenha com clareza no horizonte, que é a postulação das forças ligadas ao ex-presidente Jair Bolsonaro.
O candidato será do PL, provavelmente o pastor Sérgio Queiroz, mas pode ser também o ex-ministro Marcelo Queiroga. Seja quem for o candidato, vai correr por fora na disputa para o Senado com chances de sucesso.
Lembre-se, por exemplo, que o pastor Sérgio foi o mais votado para senador em João Pessoa nas eleições de 2022 (27,99%), mesmo num partido (PRTB) sem estrutura e sem recursos. Obteve 11,67% no Estado. O outro candidato bolsonarista – Bruno Roberto – obteve 11,58%. Juntos, somam 23,25%. É pouco mais do que a votação de Pollyanna Werton, candidata do PSB, que ficou 22,84%. Então, há chances de conseguir uma das duas vagas. Não se esqueça ainda que o ex-ministro Marcelo Queiroga, correndo por fora, chegou ao segundo turno das eleições para prefeito na Capital.
Bolsonaro e o PL organizam um amplo movimento para eleger o maior número possível de senadores. O propósito é fazer maioria no Senado para encurralar o STF, talvez se vingar do ministro Alexandre de Moraes, inviabilizar o governo, se Lula vencer; ou ter o governo na mão em caso de vitória de qualquer nome de direita.
O movimento vai atrás, especificamente, dos votos dos bolsonaristas na disputa para o Senado, e isso não é pouco. Pode chegar.
Esse é o quadro que se tem, no momento, da disputa para o Senado em 2026 na Paraíba.