Plano de candidatura de Deusdete Queiroga a governador já está desenhado
O evento de prestação de contas das ações de 2024 do governador João Azevedo deixou transparecer todos os sinais
O plano da candidatura do secretário Deusdete Filho a governador em 2026 está desenhando. A verdade é que já está mais avançado do que se imagina.
Não é difícil entender.
O evento de prestação de contas das ações de 2024 do governador João Azevedo deixou transparecer todos os sinais.
Não foi o fato de o secretário Deusdete Filho ter sido elevado à categoria de protagonista do evento, apresentando obras e investimentos por cerca de uma hora. Isso conta, promove, divulga, mas não é o plano.
Lembrar que os acontecimentos de agora guardam semelhanças com o processo de ascensão do então secretário de Infraestrutura, Recursos Hídricos e Meio Ambiente, João Azevedo, lá em 2017/2018, no governo Ricardo Coutinho, é importante, também conta, os fatos são indicativos de tentativa de repetição da mesma metodologia, mas efetivamente ainda não é o plano.
Qual o plano então?
O desenho tem a ver com a montagem meticulosa de todos os elementos da ciência política e da propaganda que levam um gestor a eleger seu sucessor.
Já é possível perceber que o plano Deusdete Queiroga não se fundamenta na tese da transferência de voto, que é uma ficção, mas na ideia concreta de defesa de um projeto de continuidade de uma gestão aprovada.
São simples os elementos de um projeto de continuidade na esfera política: boa aprovação da gestão e do gestor no poder, aprovação e aceitação do candidato a sucessor, especialmente a crença que ele é capaz de dar continuidade ao projeto, e o anseio social pela continuidade, a consciência da maioria da população da necessidade de sequência do projeto administrativo em questão.
Algo como Lula fez com Dilma Rousseff entre 2009 e 2010. Transferida do Ministério de Minas e Energia para a Casa Civil, Dilma virou a mãe do PAC (Plano de Aceleração do Crescimento) com obras e ações todo território nacional, gerente do programa Luz Para Todos e dona do futuro do programa Bolsa Família. Foi com o papel de gerente do Brasil que Dilma disputou e venceu a eleição. Para o eleitor, era a certeza de continuidade do aprovado e necessário governo Lula da época. Ao contrário, o presidente Fernando Henrique Cardoso, em fim do segundo mandato, tinha legado, mas não tinha necessários projetos de governo a serem defendidos para os anos próximos. O PSDB perdeu a eleição com José Serra.
O que se percebe claramente na Paraíba são sinais cristalinos de aproveitamento do sucesso do governo e da popularidade do governador João Azevedo como plataforma de construção de uma candidatura de continuidade do projeto de gestão em curso. O grande volume de obras (640), com investimentos de R$5,3 bilhões, a ser executado até 2026, serve para consolidar e reforçar a credibilidade do governo. A necessidade de continuidade do projeto deverá ser gerada com o plano de governo para 2025/2026, que, certamente, produzirá obras e investimentos para além do atual período de gestão. Já as obras de agora e as projetadas para invadir o período da próxima gestão estarão sendo conduzidas pelo secretário Deusdete Filho, que trabalhará e será trabalhado para se fazer imprescindível para a execução de tudo e do futuro da Paraíba.
Esse é o plano de candidatura do secretário Deusdete Queiroga Filho a governador. Está devidamente desenhado. Aliás, já está em execução. A concretização final ou não vai depender agora das contingências políticas.