Com exonerações, Bruno busca controle político amplo da gestão
A decisão do prefeito Bruno Cunha Lima de exonerar secretários, ocupantes de cargos comissionados e de funções gratificadas, bem como diretores se autarquias municipais, tem sido motivo de muitas discussões, comentários e análises.
Na imprensa e no mundo politico, quase ninguém se contenta com as justificativas do prefeito que a medida visa apenas gerar as condições necessárias para a montagem da equipe de sua segunda gestão.
A maioria das abordagens giram em torno de supostas sérias questões financeiras da gestão e a necessidade de ajustes para contenção de despesas.
É pouco provável que esta seja a principal razão da medida de exoneração se todos ocupantes de cargos comissionados, que são aproximadamente 400 almas, com custo salarial pouco superior a R$1,6 milhão. Em dezembro último, provavelmente por conta de parcelas do 13°, as despesas com cargos comissionados chegaram aos R$2,2 milhões.
Quanto dos cargos comissionados o prefeito Bruno Cunha Lima pode cortar? Muito pouco. Não existe movimento no sentido que o prefeito esteja disposto a extinguir secretarias ou funções de direção na gestão. A amplitude dos serviços municipais, com certeza, exigiria pelo menos 80% do pessoal da atual estrutura administrativa. O corte de despesa não seria tão significativo. Talvez seja possível deixar de preencher por alguns meses cargos que atendem essencialmente à demanda política, o que, certamente, não vai chegar aos 20%.
A medida de Bruno pode permitir a economia da folha de comissionados durante um mês, mas a pressão do próprio serviço o obrigará a nomear secretários e dezenas de diretores o mais rápido possível.
A verdade é que o prefeito Bruno Cunha Lima não vai resolver os supostos problemas administrativos-financeiros de Campina Grande com a exoneração temporária de ocupantes dos ocupantes de cargos comissionados.
Em assim sendo, o que o prefeito aproveita com a exoneração drástica do quadro geral de assessoria?
As sondagens mais aproximadas talvez se resumam a duas - uma técnica e outra política - , que, ao final, se complementam, se completam.
A exoneração geral permite ao prefeito, pela primeira vez, desde o início da primeira gestão, há quatro anos, montar a equipe de gestão de seus sonhos, talvez mais técnica, conforme pretensões que ele anunciava em sua primeira campanha.
Do ponto de vista da política, é preciso se reconhecer que dar continuidade à gestão do prefeito Romero Rodrigues, em
2021, após receber seu apoio político nas urnas de 2020, certamente, limitou em muito as opções de escolha do prefeito Bruno Cunha Lima na montagem de sua equipe de governo. Agora é diferente. Por mais importante que a saída de Romero da disputa no ano passado tenha sido para a reeleição, os compromissos assumidos por Bruno parecem ter sido outros e distantes daqueles gerados na composição da primeira gestão. Há uma distância razoável do clima político do final de 2020.
Em que pese a chegada de novos e importantes aliados, como o senador Veneziano Vital do Rego, a reeleição parece ter dado ao prefeito Bruno Cunha Lima mais liberdade para nomear sua equipe e imprimir rumos à gestão.
Registre-se ainda o item maturidade, que o próprio Bruno Cunha Lima fez questão de ressaltar como valor norteador de sua segunda gestão.
Em suma, exoneração dos comissionados em Campina Grande parece ter sido a forma encontrada pelo prefeito Bruno para assumir o controle total politico e administrativo da gestão municipal, com a perspectiva de construir projetos futuros a partir de sua vontade ou sonhos.