Poder desperdiçado
O registro, através de imagem (ilustração aí de cima), de um momento da reunião do presidente Luís Inácio Lula da Silva com o colégio de líderes do bloco partidário que apoia no Congresso é de chamar a atenção da Paraíba, como tem chamado. A fotografia já foi publicada em diversos blogs e portais, além de comentadas em praticamente todos os programas de cunho jornalísticos de rádio.
O destaque é a presença de cinco deputados federais da Paraíba no colégio de líderes de Lula. Estão aí, na foto, os deputados Gervásio Filho, líder do PSB; Hugo Motta, líder do Republicanos; Romero Rodrigues, líder da bancada do Podemos; Aguinaldo Ribeiro e Damião Feliciano, que ocupam, respectivamente, a liderança da maioria no Congresso e da bancada de parlamentares pretos.
A imprensa tem tratado o fato como um orgulho para a Paraíba. Não deixa de ser, embora seja possível se questionar, sem demérito para nenhum dos líderes mencionados, a razão pela qual tantos parlamentares nordestinos têm ocupado funções de destaque no Congresso, a começar pela liderança máxima do poder no Legislativo, com o deputado Artur Lira na presidência da Câmara dos Deputados. Seria simplesmente a qualidade de nossa representação ou o duvidoso nível do Congresso?
Importa, porém, que a Paraíba está bem na foto. Aparece com uma concentração de poder jamais vista na história política local. O líder exerce funções especiais. No caso de líder do governo, é demandado diretamente pelo presidente. Do outro lado, desfruta de muito prestígio, é ouvido, abre portas do governo, conta com poder de influência.
A pergunta é para que serve à Paraíba tanta concentração de poder? A presença de tantos líderes ali junto ao presidente da República? A representação da Paraíba na foto chega bem próximo dos 30% (29,4%, considerando 17 deputados e abstraindo as presenças de Lula e do ministro Alexandre Padilha).
A resposta vai ser que, para a Paraíba enquanto Estado, unidade federativa carente de grandes projetos de infraestrutura para o desenvolvimento, a força conjunta desses líderes todos está servindo nada ou quase nada. Cada um usa sua força individualmente ou para seu agrupamento político e o governador vai, por seu lado, utilizando seu prestígio pessoal para aprovar projetos que considera importantes e liberar verbas necessárias. Falta, contudo, uma ação coordenada em favor do Estado. Falta unidade de ação, falta o cumprimento da função pública, que é o objeto principal da política.
O que a Paraíba tem aí, na fato, é poder desperdiçado.