O debate essencial sobre o futuro de João Pessoa nas eleições deste ano
A RTC (Rede Tambaú de Comunicação) inicia, nesta segunda-feira, sua programação especial de entrevistas e debates com o objetivo de oferecer ao eleitor o conhecimento suficiente sobre os candidatos para definição de voto. Começa com uma rodada de entrevistas com os pré-candidatos no espaço da coluna de politica Trocando em Miúdos, às 7h00, no programa Tambaú da Gente Manhã, e no Jornal da Manhã, da rádio Jovem Pan, a partir das 7h30.
O que se espera é que os pré-candidatos façam o debate necessário para apresentar aos cidadãos a visão concreta, sem verniz, despojada dos elementos do marketing e da propaganda, que, na maioria das vezes, maquiam as verdadeiras ideias, programas e intenções dos candidatos.
Uma discussão necessária deve ser sobre a visão de cidade que os candidatos alimentam. Com quase um milhão de habitantes, ainda é possível continuar construindo João Pessoa como uma cidade boa para se morar, com a qualidade de vida que os grandes centros não têm, ou já será preciso cuidar de fomentar as condições econômicas para garantir emprego e renda para sustentar o novo patamar populacional? É possível conciliar os dois projetos de cidade ou são incompatíveis?
Nesse contexto, será preciso se discutir o turismo. Vende-se o destino João Pessoa indiscriminadamente ou se se apresenta planos mais restritivos? Em consequência da visão adotada, haverá que optar por políticas de investimentos diferenciadas para cada modelo.
Na base desse debate necessário, fundamental e urgente está a concepção de cidade que a nova e complicada realidade planetária vive, especialmente em decorrência das irresistíveis mudanças climáticas. Urge, então, cidades sustentáveis. Terão os candidatos coragem e discernimento para fazer esse debate? Não está na hora de popularizar esse debate?
É nessa escura senda de caminho de futuro das cidades que se impõem o debate sobre meio ambiente e mobilidade.
Compreenda-se meio ambiente não apenas como respeito ao verde, preocupação com espaços próximos a rios ou áreas degradadas ou regras de ocupação do solo urbano. Cuida-se de se instituir uma ampla consciência ambiental. Assim, cada detalhe de cidade deverá ser cuidado ou amparado com total respeito ao meio ambiente (meio ambiente urbano, modificado e degradado, não apenas o meio ambiente natural). Nossos candidatos terão essa consciência?
A grave questão da mobilidade é vista, comumente, como sendo a problemática do transporte dentro das cidades, mormente do transporte público, que é uma responsabilidade do poder público, sobretudo, dos municípios.
Em todas as últimas eleições, candidatos apresentam propostas de soluções quase mágicas para o transporte coletivo. Quase nada se modifica. É que os problemas são de modelo do sistema e da opção de matriz de transporte feita no Brasil.
Em entrevista ao programa Tambaú Debate, neste sábado, o engenheiro Carlos Batinga, um dos destacados especialistas em transporte do Brasil e da América Latina, de forma cristalina, sustentou que não haverá solução para a mobilidade das grandes cidades enquanto a regra for estimular o transporte individualizado (carro e moto). Para a sustentabilidade das cidades, haverá necessidade de se restringir o transporte individual e se investir maciçamente no transporte coletivo e na mobilidade das pessoas a pé. Qualquer pesquisa vai mostrar que a maioria da população de João Pessoa se desloca a pé, o que exige, nos projetos de mobilidade, investimentos prioritários em calçadas nos bairros periféricos. Terão nossos políticos coragem de enfrentar a indústria automobilística e voltar suas atenções para a mobilidade humana?
Lógico que educação, saúde, desenvolvimento humano e social, segurança pública, entre outros, continuarão sendo temas essenciais para qualquer projeto de gestão, mas o futuro das cidades do porte de João Pessoa estará irremediavelmente comprometido sem o enfrentamento dos problemas de fundo aqui introduzidos.