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Coluna - Josival Pereira

Como os partidos políticos se saíram da janela da (in) fidelidade na Paraíba?

Por Josival Pereira Publicado em
Joao Azevedo
João Azevêdo, Governador da Paraíba (Foto: Reprodução/Governo da Paraíba)

Talvez seja impossível, no momento, se ter um levantamento minucioso do movimento de mudança de partido durante o período da janela da fidelidade na Paraíba. Mas existem informações que já permitem mensurar com grande probalidade de acerto o tamanho dos partidos no Estado.

Pela movimentação das duas ou três últimas semanas, é perfeitamente possível se afirmar que o PSB, até pelo natural poder de atração do governo, foi o partido que mais ganhou filiados com a intenção clara de candidatura a prefeito em outubro. Já dispunha de mais de 70 prefeitos em suas fileiras. Vai passar dos 80, se aproximando dos 90. Além disso, parece ter montado um bom plantel de candidatos na maioria das cidades do Estado.

Seguindo o PSB, o Republicanos e o esquema formado por PP/PSD, siglas comandadas pelo deputado Aguinaldo Ribeiro e a senadora Daniela Ribeiro, também se saíram bem e ganharam bons quadros para a disputa das eleições. O Republicanos tem meta de eleger entre 40 e 50 prefeitos. O esquema PP/PSD anuncia candidaturas em cerca de 100 municípios, provavelmente para atingir metas parecidas com as do Republicanos.

É preciso se registrar um detalhe na movimentação dessas forças políticas. O Republicanos agiu colado ao PSB, já tendo celebrado muitas chapas em aliança, demonstrando mais aproximação com o governador João Azevedo. Há também muitas alianças entre PP/PSD, mas também existem muitos atritos e concorrência direta entre ambos. São emblemáticos os casos de Cajazeiras e Bayeux. É possível ainda que em Santa Rita o PSB esteja em palanque contrário ao do PP.

Apesar de conflitos e da concorrência prevista em muitos municípios, essas três forças políticas ligados ao esquema da situação se fortaleceram bem e parecem ter sido as legendas que mais cresceram na janela da fidelidade. O PSB acabou tirando vários prefeitos ou candidatos a prefeito do MDB e do União Brasil.

Apesar disso, não se pode fazer pouco caso dos partidos de oposição. Eles crescem em contraposição aos partidos governistas. No interior, se um lado está ocupado, o outro vai para a oposição. Embora uma novidade nas eleições deste ano seja a possibilidade de legendas governistas disputando entre si, o União Brasil e o MDB são o outro lado da moeda.

O MDB ganha forças desde o ano passado. O senador Veneziano trabalhou com antecedência para atrair prefeitos ou candidatos a prefeito. Perdeu na reta final, mas já é bem maior, mais que o dobro, do que o quadro que resultou das eleições de 2020. No União Brasil, o senador Efraim Filho acumulou gordura com a candidatura ao Senado em 2022 e a filiação recente do prefeito a Bruno Cunha Lima (Campina Grande). Somou poucas filiações de prefeito nos últimos, mas deve crescer em número de candidatos de oposição.

Num terceiro patamar partidário, algumas legendas furaram o bloqueio e entraram na disputa em duas ou três dezenas de municípios. São os casos do Avante e do Solidariedade.

O PSDB encolheu em número de prefeitos e vai tentar sobreviver de sua história, do rescaldo de sua estrutura à época que era liderado pelo grupo Cunha Lima.

O PL, do ex-presidente Bolsonaro, não tirou proveito dessa condição. Está apostando alto em João Pessoa e Cabedelo, mas, no interior, depende da estrutura do deputado Wellington Roberto. Se não se sair bem na Capital, dificilmente, sairá maior das urnas de 2024.

Inacreditável é a situação do PT, que, mesmo sendo o partido de Lula, indiscutivelmente um dos maiores líderes do país, não avança nos municípios de Paraíba. Não consegue disputar prefeituras e não se estabelece. Talvez precise mudar de estratégia.


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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.