Por que a direção nacional do PT quer candidato próprio em João Pessoa?
Josival Pereira analisa movimentos do PT para lançar candidatura própria em João Pessoa
Desde sempre, a direção nacional do PT (Partido dos Trabalhadores) emite sinais que deseja ter um candidato próprio a prefeito em João Pessoa.
O presidente estadual da legenda, Jackson Macedo, alerta, há bastante tempo, que o PT corre o risco de ficar isolado e disputar as eleições na Capital sem aliados, o que pode atrapalhar no resultado final, mas sua posição não encontra eco em Brasília.
De fato, a avaliação de Macedo espelha a realidade. Os próprios partidos da federação liderada pelo PT - PV e PCdoB - já tiraram posição em favor do projeto de reeleição do prefeito Cícero Lucena e não devem apoiar a candidatura petista.
Com a possibilidade da candidatura da deputada Cida Ramos, parece possível a reabertura de conversas com a Rede Solidariedade, que já tem a candidatura de Celso Batista, mas, mesmo que se concretize uma aliança, não é suficiente para tirar o PT do isolamento partidário.
A direção nacional também ignora a aliança com o governador João Azevedo e o PSB, assim como a ideia de adotar a candidatura do prefeito Cícero Lucena como forma de ampliar as bases de apoio a Lula em 2026. Aliás, o que vem sendo feito em diversas capitais e grandes cidades do país em que o PT tem feito alianças estratégicas para fortalecer o projeto de reeleição de Lula.
E por que não em João Pessoa?
A resposta para essa questão não é complicada e não tem nada a ver com lideranças locais de nenhum partido aliado ou dos próprios quadros petistas.
O PT quer candidato próprio em João Pessoa para ter um palanque (real e eletrônico) para fazer a defesa do governo Lula e das ideias petistas. A avaliação é que esse trabalho não será possível no palanque de Cícero, que se prenuncia muito eclético e, além disso, ele precisará de muito tempo para defender a gestão municipal.
Outro fato levado em consideração é que a direita bolsonarista tende a fazer uma campanha nacionalizada, fazendo a defesa e a promoção do ex-presidente Bolsonaro. Assim, se impõe a necessidade de ter um palanque próprio, exclusivo, para cuidar de Lula e do PT.
Com essa convicção, a direção nacional petista decidiu apresentar candidato próprio em João Pessoa. De preferência, um candidato muito vinculado à ideologia e política do movimento de esquerda.
Não foi sem razão que, ao final da reunião da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, com os dirigentes e deputados petistas na Paraíba, tanto a própria Gleisi como o senador Humberto Costa, do Grupo de Tática Eleitoral (GTE), decretaram: esqueçam aliança com Cícero. Pelo menos no primeiro turno.
A candidatura petista em João Pessoa, à princípio, tem natureza política. Se der certo eleitoralmente, é lucro extraordinário, que vai render bons dividendos.