Movimento de Bolsonaro vai impactar na disputa eleitoral na grande João Pessoa
Josival Pereira analisa movimentos de Jair Bolsonaro que podem impactar as eleições municipais na Paraíba
O movimento do ex-presidente Jair Bolsonaro chamando o feito à ordem e reaglutinando seus aliados em João Pessoa e nas cidades da região metropolitana reúne elementos para impactar as eleições municipais na região mais populosa do Estado e, portanto, a que mais importa para um projeto nacional de poder.
Parecia descabido que Bolsonaro e o comando nacional do PL permitissem o desperdício do resultado das eleições de 2022 na região metropolitana da Capital.
O presidente perdeu por menos de 1.000 votos de maioria em João Pessoa e venceu com folga nas demais cidades e os candidatos do seu partido estiveram entre os mais votados em todas as grandes cidades da vizinhança. Jogar aquele capital eleitoral no lixo, como as divergências indicavam, seria uma solene burrice.
De certa forma, o comando bolsonarista nacional parece ter deixado o comunicador Nilvan Ferreira se deslocar para Santa Rita e deixado a área mais limpa para agir. Como candidato a prefeito, Nilvan desautorizava o plano de Bolsonaro de fazer seu ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, o nome para disputar a Prefeitura. A fidelidade e a confiança exerceram mais força que a possível densidade eleitoral.
O acordo celebrado em Brasília na chegada do fim de semana revela o poder de comando de Bolsonaro e que ele estava atento à Paraíba. Alijar o deputado Wellington Roberto do comando e do processo de decisão nas cidades de grande João Pessoa demonstra a força do ex-presidente sobre Valdemar da Costa Neto, que, no exercício da presidente do PL, sustentava o mandato do deputado Wellington Roberto.
Era, de fato, meio ilógico desprezar o resultado das urnas de 2022 e ignorar os mais votados em função das eleições parlamentares de 2026, privilegiando acordos secundários para deputado federal em cidades como Santa Rita e Cabedelo.
O projeto de Bolsonaro é o de perseguir a retomada do poder nacional em 2026. Assim, não fazia sentido a fragmentação de suas forças políticas exatamente na área onde ele e seu grupo obtiveram vitórias significativas ou votações expressivas. Assim como não fazia sentido que, tendo dois deputados federais, um ficasse subalterno ao outro, como era o caso do deputado Wellington Roberto sobre o Cabo Gilberto.
O que Bolsonaro está fazendo é dar comando e oportunidades de candidaturas aos seus aliados aprovados nas urnas na grande João Pessoa e indicando cristalinamente que, apesar das eleições serem municipais, o foco é o projeto nacional de poder. Para tanto, a unidade é essencial. Por isso a manifestação intencional de acerto com o pastor Sérgio Queiroz e a afirmação de apoio à candidatura de Nilvan Ferreira em Santa Rita.
Não se tenha dúvida, pois, após essa movimentação do PL, que as eleições em João Pessoa e cidades da região vão assumir caráter nacional. O discurso dos bolsonaristas vai ser aquilo que ele repete contra Lula, o PT e as pautas de costumes.
O impacto local nas eleições é que o bolsonarismo unido pode provocar polarização na disputa e desidratar candidaturas laterais.