Eleições municipais na PB serão marcadas por grande confronto entre partidos
Na Paraíba, as eleições municipais devem servir também como campo de batalha de alguns partidos para acumular forças para a disputa do poder estadual
Por natureza própria, as eleições municipais são, geralmente, marcadas por questões locais. Os debates giram quase sempre em torno de problemas da cidade e os embates se dão entre lideranças municipais ou regionais. As disputas ocorrem, invariavelmente, entre dois grupos familiares com longo histórico de enfrentamento nas urnas e em todas as instâncias do poder local.
As eleições de 2024 não devem fugir muito desse padrão, mas existem dois ou três elementos extra município que devem permear as disputas locais que se avizinham. Um desses elementos tem caráter nacional, o outro ou outras são mais de dimensão estadual.
A questão nacional que, certamente, estará infiltrada nas eleições municipais em muitas cidades brasileiras, inclusive na Paraíba, será, ainda, a polarização nacional entre petistas (lulistas) e bolsonaristas. O embate pode até nem se apresentar com os emblemas na disputa nacional, mas está presente de alguma forma, seja pelas alianças e orientações partidárias, seja pela natural separação que as correntes ideológicas impõem, na maioria das vezes sem que os eleitores percebam.
O ex-presidente Jair Bolsonaro e seu partido – o PL – já deram mostras claras de que vão utilizar as eleições municipais para tentar acumular mais forças para a disputa das eleições de 2026. Na Paraíba, a imposição da candidatura do ex-ministro Marcelo Queiroga em João Pessoa é a evidência da estratégia traçada. O PT deve se dividir entre apresentar o maior número de candidatos próprios e celebrar alianças com partidos, mesmo mais à direita, que possam fortalecer o projeto de reeleição de Lula.
Na Paraíba, as eleições municipais devem servir também como campo de batalha de alguns partidos para acumular forças para a disputa do poder estadual. O foco imediato será a eleição de 2026, porém os planos vão bem além desse marco.
Não se pode perder de vista que as duas últimas eleições para governador foram decididas pela força eleitoral dos municípios do interior. Em ambas, o governador João Azevedo foi eleito independente dos resultados de grandes cidades como João Pessoa e Campina Grande. Por isso, alguns partidos só pensam em alterar esse mapa eleitoral.
Assim, no plano de definição de candidaturas e da celebração de alianças nos municípios este ano estará sempre o jogo de interesse partidário estadual. O PSB, partido do governador, com certeza, quer estabelecer hegemonia estadual nas urnas municipais. Deverá caminhar junto ou ao lado de partidos parceiros como o Republicanos e o Progressistas, entre outros. Mas esses dois partidos também desejam crescer para entrar na chapa majoritária de 2026. Não se destarte atritos entre aliados.
Do outro lado, o União Brasil quer se tornar o maior partido da oposição e sonha ser o segundo maior partido do Estado em número de prefeitos para disputar as próximas eleições para governador. O PSDB, do grupo Cunha Lima, vai tentar sobreviver nesse núcleo de legendas que divide o poder estadual nos últimos anos e, por fora, o Podemos vai tentar encostar nessa elite partidária, concorrendo em João Pessoa e talvez em Campina Grande.
Um dos grandes partidos nacionais, o PT só entrará nessa disputa para formação do bloco partidário que divide o poder estadual se tiver candidato em João Pessoa e conseguir se sair bem. Fora disso, estará praticamente fora do poder político estadual.
As eleições são para prefeito e vereador, mas, na Paraíba, haverá um grande confronto entre siglas partidárias. Em jogo, o poder estadual nos próximos anos.