Proposta do PT de aliança com o PSB em João Pessoa tem muito para não prosperar
O novo presidente do PT, Marcus Túlio, chegou demonstrando que pretende tirar o partido da inércia na Capital
Em três semanas no comando do partido, o novo presidente petista encaminhou a decisão por lançamento de candidato próprio a prefeito e iniciou articulações para formação de uma frente de centro-esquerda para a disputa em 2024 em João Pessoa.
Elegeu o PSB (Partido Socialista Brasileiro) para inaugurar as conversas sobre essa articulação. Faz sentido. O PSB é o partido do governador João Azevedo, tem muita força na Capital e mantém alianças com os dois outros partidos que compõem a Federação Frente da Esperança (PCdoB e PV) com o PT.
Diante desse quadro, o risco que corre o PT pessoense é o de chegar a 2024 isolada para a formação da chapa majoritária para a disputa das eleições municipais.
A proposta de Marcus Túlio de formação de uma frente de centro-esquerda tem um razoável apelo. Mesmo tendo vencido eleições importantes na Capital nos últimos 20 anos (2004 e 2008 com Ricardo Coutinho e 2012 e 2016 com Luciano Cartaxo), as forças de esquerda estão desarticuladas e podem ficar sem candidato no próximo ano.
Assim, o movimento do novo presidente do PT, além de parecer propício ao campo da esquerda, tem certa ousadia.
Mas também tem obstáculos que parecem instransponíveis à primeira vista.
Começa que precisa contar com o governador João Azevedo e o PT transbordou em atitudes hostis ao principal líder socialista nas eleições de 2022. Embora tivesse o PSB na chapa de Lula com o candidato a vice-presidente (Geraldo Alckmin), o PT da Paraíba foi buscar o senador Veneziano Vital do Rego, do MDB, para ser candidato a governador. E a campanha petista fez duras ataques ao governador. Sobraria o apoio no segundo turno, mas, frise-se, que apenas de parte do PT se juntou ao PSB.
Agora, para formação da frente de centro-esquerda em João Pessoa, o governador teria que engolir essa desfeita do PT em 2022, bancada, inclusive, pela direção nacional do partido, e ainda romper um compromisso assumido e repetido publicamente, que é a aliança com o prefeito Cícero Lucena.
Há ainda outros problemas de não fácil superação. Dizem respeito aos possíveis candidatos petistas a prefeito. A deputada Cida Ramos continua na bancada da oposição ao governador João Azevedo na Assembleia. O deputado Luciano Cartaxo é da base, tem buscado se aproximar do governo, mas tem adversários de peso na equipe política do governador. São secretários, a exemplo de Nonato Bandeira (Comunicação), que estavam com o prefeito Luciano Agra nas eleições de 2012. A aliança com o PT e Cartaxo não aguentou nem um ano de gestão e, pelo que se sabe, restaram muitos mágoas e desconfianças.
Lógico que, em política, tudo é possível. Contudo, essa proposta da direção do PT de João Pessoa ao PSB tem muito para não prosperar.
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