Quais os resultados do seminário do PL para discutir a candidatura de Queiroga?
Josival Pereira analisa mobilização de grupos bolsonaristas em seminário realizado pelo PL em João Pessoa
O seminário realizado pelo PL (Partido Liberal) para, supostamente, começar a discutir propostas para um plano de governo para o ex-ministro Marcelo Queiroga, pré-candidato a prefeito de João Pessoa, serviu, mais concretamente, para consolidar algumas verdades sobre as quais ainda levantava-se dúvidas.
O deputado Walber Virgulino (PL), por exemplo, havia afirmado não existir nenhuma declaração do ex-presidente Jair Bolsonaro de apoio a Queiroga. Agora tem. Bolsonaro participou do seminário por meio de vídeo conferência e manifestou irrefutável apoio ao projeto de seu ex-ministro da Saúde.
A outra dúvida dissipada diz respeito ao tratamento que será dispensado ao trio formado pelo comunicador Nilvan Ferreira e os deputados Cabo Gilberto e Walber Virgulino, todos do PL mas que não aceitam a imposição da candidatura do ex-ministro Marcelo Queiroga.
O ex-ministro do Turismo, Gilson Machado, mandou Cabo Gilberto “baixar o facho”, um recado que vale para os outros dois, e gritou em alto e bom tom que “quem tem voto é Bolsonaro” e não os dissidentes paraibanos. Queiroga, mais uma vez ignorou o trio. Bolsonaro disse que “não era hora de criar problemas”. Pelo tom dessas manifestações, pode-se prever que ainda haverá muita pressão sobre os três. Sem reversão, haverá racha e o trio pode ser atacado sem piedade. A perspectiva é de acirramento do confronto no PL da Capital.
A única ponderação, no caso, partiu do general Braga Neto, ex-ministro de Casa Civil, alertando que, sem unidade, a direita conservadora perderá a eleição.
Noutra dimensão, de forma bastante clara, o evento revelou também que toda a campanha de Queiroga estará ligada ao propósito de promover e propagandear o nome de Bolsonaro. A ideia central do PL nacional é usar as eleições de 2024 para evidenciar o bolsonarismo com vistas às eleições de 2026.
É verdade que pesa contra o ex-presidente Bolsonaro duas decisões de inelegibilidade do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Porém, ele e os bolsonaristas todos acreditam em reversão da situação. Além disso, propagandear o nome de Bolsonaro de forma constante é uma tática para não deixar aparecer outra liderança no campo da direita conservadora enquanto tenta-se resolver a questão da inelegibilidade. Tudo está sendo feito para manter Bolsonaro e o bolsonarismo vivos.
Assim, Queiroga é candidato aqui, acredita que conseguirá uma multidão de votos dos conservadores da direita bolsonarista, mas prestando-se ao papel de ser garoto-propaganda de Bolsonaro. É essa a orientação nacional.
O seminário, no entanto, revelou problemas. Foi realizado em hotel de luxo à beira-mar do Bessa e mobilizou grupos bolsonaristas radicais mais ligados à classe média. A promessa é de estender os seminários aos bairros, mas nada indica, até agora, que os eleitores que já votaram em Nilvan Ferreira nas duas últimas eleições estejam dispostos a atender apelos de Bolsonaro e mudar de lado. Pelo menos é o que se ouve em programas de rádio na Capital.
Em meio a tudo isso, e por enquanto (tudo pode mudar), a sentença do general Braga Neto parece ser a mais apropriada para definir a situação do PL de João Pessoa: dividida, a direita conservadora perde a disputa eleitoral.
O diagnóstico existe e está correto. Difícil é o remédio. O radicalismo, uma das graves doenças da política, é muito resistente a qualquer tipo de tratamento.
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