Episódio da foto de Tovar revela que grupo Cunha Lima apenas se tolera
Josival Pereira analisa o que está por trás do impulso que conduziu Pedro Cunha Lima a publicar foto na “hora da raiva”
As desavenças dentro do grupo Cunha Lima em Campina Grande parecem estar recrudescendo.
É a conclusão lógica que o episódio da foto do deputado Tovar Correia Lima (PSDB) com o governador João Azevêdo (PSB) deixa transparecer.
O ex-deputado Pedro Cunha Lima, presidente estadual do PSDB e atual líder do grupo, sentiu raiva. Mais do que isso: tornou o sentimento público através das redes sociais, com a frase “Política e suas decepções”. Ele próprio explicou que a postou na “hora da raiva”.
Comedido, como é de seu feitio, Pedro apagou a postagem pouco tempo depois e assumiu que havia errado, cometido um equívoco.
O problema é que o reconhecimento do erro não apaga a hora da raiva ou a raiva da hora. O impulso que o conduziu a cometer a postagem revela, em verdade, certo grau de intolerância. Permite ainda a leitura que talvez seja esse o atual plano das relações não apenas entre ele e Tovar, mas entre eles ou boa parte dos integrantes do grupo Cunha Lima. Se Pedro que é comedido reage assim, imagina os mais estorvados?
Não há como dissociar a reação de Pedro de todos os acontecimentos envolvendo o prefeito Bruno Cunha Lima (PSD) e o deputado Romero Rodrigues (Podemos). Tovar, que é mais ligado a Romero, já apareceu em outros episódios. Foi o responsável por verbalizar, em julho, a insatisfação de Romero com Bruno e, poucos dias depois, acabou recebido em audiência pelo governador João Azevedo, gerando muitas especulações sobre rompimento. Por sua situação estratégica dentro do grupo (além de aliado de Romero, é genro do conselheiro Fernando Catão), Tovar não é qualquer um e pode, de fato, simbolizar algum perigo.
Por sua vez, o deputado Tovar Correia Lima nega intenção adesista na foto com o governador e a atribui a um gesto de grandeza.
A questão aqui, pela reação do aliado, é que suas atitudes não parecem mais gerar confiança.
O que o episódio envolvendo Tovar sugere é que seja apenas a ponta proeminente do iceberg do estado de intolerância que medeia as relações no grupo Cunha Lima em Campina.
O fato de Bruno e Romero não aparecerem juntos em solenidades públicas há bastante tempo parece mais do que um sinal que um não tolera o outro.
É essa a realidade que a foto de Tovar com o governador João Azevedo e a reação de Perro Cunha Lima deixa transbordar.
Pode até ser que todos esses integrantes do grupo Cunha Lima, lá em Campina Grande, em algum momento, tenham a mesma atitude de comedimento de Pedro, apaguem as muitas postagens e mensagens de raiva que cultivam um do outro, restabelecendo a paz e a unidade.
Com o que tem ocorrido, porém, o mais provável é que tudo contido, sufocado, nos grupos restritos se torne público e ponha fim a aparente unidade.
Pelo visto, no momento, muitos no grupo Cunha Lima apenas se toleram.
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