Intrigante questão política da família Cunha Lima; leia análise
Josival Pereira avalia possibilidade de reunificação do grupo político em Campina Grande
Os fatos mais instigantes da política na Paraíba nos últimos dias foram novamente relativos à cidade de Campina Grande. Um deles foi uma nova declaração do ex-deputado Pedro Cunha Lima, presidente estadual do PSDB, explicando que sua raiva em relação a fato do deputado Tocar Correia Lima com o governador João Azevedo não tinha sido em razão da fotografia em si, mas do filme. Lembrou que Tovar chegou a dizer, após audiência com o governador, que “não iria antecipar os acontecimentos” e de uma reunião do aliado com o vice-governador Lucas Ribeiro (PP), também adversário.
Outro fato foram inusitadas declarações do deputado Romero Rodrigues (Podemos) exatamente sobre a reação de Pedro em relação à foto de Tovar. Chamou de “pitu” e avaliou destoantes do discurso de quem diz praticar a nova política, numa crítica direta ao ex-candidato a governador pelo PSDB e aliado histórico.
Houve ainda uma audiência entre o prefeito Bruno Cunha Lima (PSD) e o deputado Romero Rodrigues, nesta terça-feira, em Brasília, mas, pelo informado, foi apenas um encontro institucional para tratar da destinação de emendas parlamentares para Campina Grande. Nenhuma tratativa política.
É de se perguntar: mas o que há de novo nesses nos episódios relatados?
A rigor, a novidade seria a intensidade do nível de desentendimento no grupo Cunha Lima. As declarações de Pedro aprofundam as desconfianças de que existe um processo de adesão do deputado Tovar Correia Lima (PSDB) ao esquema governista. Já entrada do quase sempre comedido deputado Romero Rodrigues, o centro das ocorrências do aglomerado político, vão no mesmo sentido. A crise parece estar se aprofundando.
Não há, pois, como não registrar que as relações no chamado grupo Cunha Lima são intrigantes. Intriga, por exemplo, o fato de presidente estadual do PSDB, Pedro Cunha, desde o mês de julho, não ter conversado com o deputado Tovar Correia Lima sobre a natureza de suas declarações depois da audiência com o governador.
É intrigante também o fato de o grupo todo não ter realizado esforços para resolver as insatisfações do deputado Romero Rodrigues.
Observe-se como é estranho que as lideranças da família Cunha Lima deixam fermentar a possibilidade de rompimento de Romero. Qualquer simplória avaliação vai concluir que, com Romero, aumentam em muito as chances do prefeito Bruno Cunha Lima ser reeleito. Então, essa é a primeira e grande disputa de Bruno e do grupo.
Qualquer estrategista político, por mais raso que seja, moveria céus e terras para resolver as divergências, que configurariam, em verdade, numa espécie de primeiro turno das eleições.
Intriga, então, a impressão que nada ou quase nada tenha sido feito ou se esteja fazendo para a reunificação do grupo. Talvez as relações estejam a tal ponto esgarçadas que já não sejam mais possível de solução. Se não for assim, existe um grasso erro político.
Existe um foco na gestão do prefeito Bruno Cunha Lima, mas seu principal problema talvez seja político. E Romero é o nó górdio da questão. Se ele resolver essa equação, terá aplainado o caminho da reeleição. Mas tudo que se sabe e se observa no grupo Cunha Lima neste momento é muito intrigante.
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