Na política, suscitou atenção a presença do governador João Azevêdo no ato de apresentação da  candidatura de Tacyana Leitão, esposa do deputado Felipe Leitão, a prefeita de Bayeux, na última sexta-feira.

A presença em si já chamaria a atenção de qualquer forma. Mesmo na Paraíba, um estado politizado por natureza, não é comum se ver um governador participando de lançamento de candidaturas a prefeito em municípios há um ano do pleito. Mas o caso de Bayeux tem outras peculiaridades.

Ao que parece, pelo menos inicialmente, o projeto de candidatura de Tacyana, não envolveu aliados importantes do governador, como a senadora Daniella Ribeiro (PSD), o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP)  e o deputado Damião Feliciano (União Brasil), o que permite a leitura de possíveis atritos e desencontros políticos incubados.

Os três são aliados da prefeita Luciene Gomes (Luciene de Fofinho) desde algum tempo. Luciene já foi filiada ao PDT, quando o partido era comandado por Damião Feliciano, e depois se passou, com certo estardalhaço, para o PSD da senadora Daniella Ribeiro. Agora, a prefeita se junta ao PSB para tentar eleger uma sucessora.

O que se percebe, então, é que o movimento em Bayeux se trata de uma iniciativa particular de fortalecimento do PSB, partido do governador João Azevêdo. E é desse ponto que veem as explicações para a presença do governador em Bayeux, na sexta-feira.

Simples: o governador parece empenhado em ampliar sua força política, em fortalecer seu projeto de poder, através da participação nas eleições municipais de 2024.

Não há nada estranho no movimento do governador. Existe o precedente de Cabedelo, onde o governador João Azevêdo e o PSB já têm um candidato a prefeito - o ex-deputado Ricardo Barbosa -, tendo do outro lado, como adversário, o prefeito Cícero Lucena (João Pessoa), aliado prefeito Vitor Hugo (Avante). A nora de Cícero - Camila Holanda, esposa do deputado Mersinho Lucena-, deverá ser candidata a vice-prefeita.

As articulações em Campina Grande também indicam que o governador João Azevêdo prefere o lançamento de um candidato do PSB, no caso o secretário Johny Bezerra (Saúde), com vinculações políticas mais próximas, do que um aliado circunstancial de outra legenda. É que os aliados circunstanciais seguem seu caminho ou o caminho de seu agrupamento político após as eleições. O candidato vinculado fica, mantém os laços mesmo em caso de derrota nas eleições. Trocando a concepção em miúdos: o plano é onde vencer, mas é melhor perder com um aliado fiel do que ganhar com aliado circunstancial.

Essa parece ser a mesmo lógica que o esquema do governo está imprimindo em Bayeux. Não significa que Daniela e Damião não possam se somar e participar do projeto em torno da candidatura de Tacyana Leitão.

O processo de construção de alianças permite essa possibilidade, que provavelmente será tentada nos próximos meses. O recado, porém, é que o PSB vai disputar as eleições municipais aonde puder construir candidaturas independente da posição e situação de aliados.

Não será fora de propósito se afirmar que a lógica geral de participação do PSB e do governador João Azevêdo nas eleições municipais será a de privilegiar candidaturas fiéis, do próprio partido, mesmo em detrimento de aliados, sobretudo, aqueles que já tenham histórico noutras correntes políticas e que possam gerar alguma dúvida de total alinhamento em 2026.