PT resiste à avalanche de ataques e volta a ser o mais querido
No Brasil, a política, definitivamente, não é atividade para amadores.
Neste campo, é surpreendente, por exemplo, a imagem acumulada no momento pelo PT (Partido dos Trabalhadores) na cidade de São Paulo, segundo pesquisa realizada na última semana e divulgada neste domingo no jornal Folha de S. Paulo.
Nada menos que 32% dos paulistanos se assumem como petistas e outros 13% se dizem mais próximos ao petismo do que a qualquer outra tendência político/partidária.
Os bolsonaristas na cidade de São Paulo são 15% e outros 6% da população assumem posição próxima ao bolsonarismo.
Os neutros são 26% e 7% preferiram não se posicionar.
O que há de surpreendente nisso?
Exatamente o fato de que há apenas pouco mais de 6 o PT era considerado um partido acabado, destruído e sem perspectiva de futuro.
O petismo era associado a tudo que existe de mais abjeto e ruim na política: corrupção, incompetência, descompromisso com a população, depravação moral, sexual e religiosa e desprovido de princípios éticos.
Além da prisão de parte de seus principais líderes, inclusive o ex-presidente Lula, o PT chegou a ser associado ao crime organizado, ao comunismo e aos regimes políticos em profunda crise na América Latina, a exemplo de Cuba e da Venezuela.
Nenhum partido político no Brasil resistiu a crises de imagem. Os exemplos mais recentes na história são PDS e PFL, oriundos da antiga Arena; PRN, partido de Collor de Mello; PSL, partido ao qual Bolsonaro era filiado quando se elegeu, entre outros. O Democratas já mudou de nome outra vez e agora é o União Brasil e o MDB tem resistido, mas totalmente desfigurado e distante da boa imagem que consquistou durante a ditadura militar.
Quer se queira ou não, Lula e o PT são fenômenos políticos de difícil explicação.
No caso específico de Lula, pode-se alegar o caráter personalíssimo da política brasileira, seu carisma pessoal e o sentimento de empatia de grande parte da população em relação a figuras consideradas injustiçadas. A desmoralização da Operação Lava-Jato conferiu aos mais de 500 dias passados por Lula na cadeia, apesar dos questionamentos, um poderoso atestado de injustiça.
Além disso, Lula tinha uma história difícil de apagar. Tinha marcas de gestão, assentadas nos programas sociais (Bolsa Família, etc) que se sobrepuseram ao processo de desconstrução política a que foi submetido pela Lava-Jato num primeiro momento e pelo bolsonarismo a partir da campanha eleitoral de 2018.
Não existem histórias de restauração de imagens de organizações políticas no Brasil. Quase sempre, quando envolvidos em escândalos mais graves, os partidos são abandonados ou extintos. Mais recentemente, são submetidos a processos de refundação, com mudanças de nomes, símbolos, cores e fogo de atuação. Nada do que vem acontecendo com o PT.
Os petistas optaram pelo caminho mais difícil, longo e penoso. Produziram livros e negaram as acusações, contestaram as evidências e apostaram todas as fichas nas teses de defesa do advogado de Lula. Deu certo. Não conseguiram anular condenações de alguns de seus mais destacados dirigentes pelos crimes de corrupção na Petrobras, mas, pelo visto, estão vencendo o debate político. E já com certa folga.
Nessa seara, o petismo acabou beneficiado pelo radicalismo destemperado e ataques desmedidos do ex-presidente Jair Bolsonaro e de seus seguidores.
Evidente que não se pode desmerecer a amplidão da organização petista, a atuação aguerrida de sua militância e à competência de seus dirigentes. Se existe um exemplo, parece ser o de acreditar em confiar no fazer política.
Essa pesquisa de São Paulo dá nova vida ao PT.
Leia também: