Após anúncio de Aguinaldo, Daniella Ribeiro vive dilema para próximas eleições?
Josival Pereira faz análise sobre a declaração da senadora, que não descarta ser candidata em CG nem à reeleição
A senadora Daniella Ribeiro (PSD) teve um encontro com a imprensa nesta segunda-feira em João Pessoa.
O convite, distribuído no fim de semana, aguçou curiosidades. O que Daniella iria anunciar? Seria algo do mandato ou alguma decisão política?
Não era para menos. A senadora vive um dilema desde que o irmão, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP), anunciou, há pouco mais de mês, que a família Ribeiro teria apenas um nome na chapa majoritária em 2024.
Na verdade, o dilema nasceu ainda em 2022, no momento em que Aguinaldo comunicou a decisão de não disputar vaga no Senado e cravou o sobrinho Lucas Ribeiro, filho de Daniella, na chapa do governador João Azevêdo como candidato a vice-governador.
O problema começou a se materializar quando o governador anunciou que será candidato a senador. Com isso, Lucas pode ganhar, então, a possibilidade de assumir o governo do estado e, logicamente, ser candidato à reeleição.
Em se concretizando, trata-se de situação na qual a família Ribeiro, politicamente, terá que fazer a escolha de sacrificar a candidatura de Daniella à reeleição para facilitar composições partidárias.
Com os olhos em 2026, para evitar intrigas, Aguinaldo se antecipou e avisou que a família Ribeiro tem consciência de que deseja ocupar apenas uma vaga na chapa majoritária de 2026. Pode ser a própria Daniella, mas, claro, a preferência é por Lucas.
É tudo o que a senadora quer e tem plena clareza da situação. Chega a brincar que vive um bom dilema. Encruzilhada de sonhos: ter o filho governador e candidato à reeleição ou ser candidata novamente a uma vaga no Senado.
A palavra dilema ainda está sendo usada, mas não existem mais dúvidas na família Ribeiro. Todos trabalham e oram com fervor para Lucas ter a chance de virar governador.
Não tem dilema, mas tem problemas. O simples fato de restar decidido no âmbito da família Ribeiro a intenção de ocupar apenas uma vaga na chapa de 2026 já tira perspectiva de poder de Daniella e torna vulnerável seu espaço eleitoral para o Senado. Outro: e Daniella será sacrificada assim em plena ascensão na política nacional?
O encontro da senadora com jornalistas foi anunciado apenas como uma ocasião para prestação de contas. A senadora apresentou, de fato, suas muitas ações no Senado, mas não era somente isso. Com Aguinaldo no comando, a família Ribeiro tem se especializado na produção de soluções políticas inteligentes, eivadas de lances de esperteza. Foi o que Daniella procurou cumprir.
Sem estardalhaço, durante o café, além da prestação de contas de sua ações, nas conversas com jornalistas, ela foi avisando que não descarta ser candidata à reeleição ao Senado nem à Prefeitura de Campina Grande.
No primeiro caso, manter a possibilidade de ser candidata à reeleição é prevenção contra o imponderável da política. “Ninguém sabe o dia de amanhã”, explicou. E se Lucas não acabar candidato? Serve também para manter seu patrimônio eleitoral.
E como Daniella pretende manter o fio de manter viva a possibilidade de ser candidata novamente ao Senado sem afrontar a decisão de trabalhar para o filho Lucas ser candidato a governador? Para tanto, a senadora informou que pretende ampliar sua atuação em Brasília para produzir um mandato tão volumoso que sirva de lastro para uma possível nova candidatura sem precisar se anunciar candidata com antecedência.
A possibilidade de candidatura em Campina Grande pode servir para resolver a charada principal de sua vida política. Sendo eleita, não representaria mais empecilho à possível candidatura do filho a governador. Na outra hipótese, mesmo sem vitória, serviria para ajudar na possível nova candidatura ao Senado.
Além dos fatos, destaque para as sutilezas: Aguinaldo costuma costurar no silêncio; Daniella faz barulho, mas, pelo visto, também não pretende dar ponto sem nó.
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