Quadro muda e cresce chance de o PT lançar candidato em João Pessoa
Diferentemente do que ocorria há seis meses, o clima no PT mudou substancialmente em relação à disputa pela Prefeitura de João Pessoa.
Em março, quando as primeiras pré-candidaturas surgiram, o presidente estadual da legenda, Jackson Macedo, considerava o movimento um “erro grosseiro”. Primeiro, porque a direção nacional do partido ainda não havia deflagrado o processo de discussão interna sobre as eleições municipais; depois, porque entendia que o partido só deveria lançar candidato em condições de disputar para vencer, e ainda avaliava outras alternativas, como a possibilidade de aliança com um possível candidato do PSB.
Havia também à espera pela definição da tática eleitoral do PT, sabendo-se de antemão que uma recomendação seria a política ampla de alianças para garantir a governabilidade da gestão Lula e facilitar a reeleição do presidente em 2026.
Neste particular, havia uma expectativa de que o prefeito Cícero Lucena pudesse migrar para um partido de esquerda, talvez o PDT, produzindo a chance de uma grande aliança de todas as forças progressistas já alinhadas no segundo turno das eleições para governador e presidente.
A conjuntura interna no PT da Capital é totalmente diferente no momento. Todas as correntes locais defendem a candidatura própria.
Uma primeira razão é a impossibilidade de seguir o PSB do governador João Azevedo e se compor com o prefeito Cícero Lucena. Não especificamente por sua filiação ao Progressistas. Mas pela distância e frieza do prefeito para com Lula e o PT. Não existe uma declaração ou um gesto de Cícero que possa facilitar a abertura mínima de um diálogo pela base, ou seja, aqui no município.
Como o governador João Azevedo tem sido enfático nas afirmações de que o PSB manterá a aliança com Cícero, os petistas se desencantaram em relação à possibilidade de formação de uma aliança progressista e, assim, criou-se, internamente, o quadro favorável ao lançamento de uma candidatura própria.
Lógico que o argumento principal é o da necessidade de fazer a defesa do governo e da candidatura de Lula à reeleição. Assim, a maioria das correntes locais fechou com a defesa de uma candidatura petista, tendo três pré-candidatos interessados - Luciano Cartaxo, Cida Ramos e Estela Bezerra. A decisão final, no entanto, depende da Executiva nacional do partido.
Antes, porém, ainda que todas as correntes defendam a candidatura própria, o PT tem alguns problemas a enfrentar.
Como definir o candidato?
O deputado Luciano Cartaxo defende o critério de pesquisa, previsto em documento recente aprovado na Executiva nacional. Os dois outros pré-candidatos - deputada Cida Ramos e a ex-deputada Estela Bezerra- defendem que a escolha seja feita pela militância, como são a tradição e regras históricas do partido. Essa posição é também defendida pelo deputado federal Luís Couto e o ex-governador Ricardo Coutinho, líderes com prestígio na legenda em Brasília.
Com quem o PT fará aliança?
Outro problema pode ser o isolamento do PT em João Pessoa. No momento, os dois outros partidos da federação - PCdoB e PV - estão na base do governador João Azevedo e tendentes e apoiarem à reeleição do prefeito Cícero Lucena. Ainda no campo da esquerda, o PDT e o Solidariedade também deverão ficar com Cícero e a Rede Sustentabilidade com o PSOL devem ter seu próprio candidato. Assim, fica complicado para o PT.
Haverá unidade interna?
Uma questão que já ronda o PT de João Pessoa feito fantasma adiantado é a da unidade após a escolha do candidato. Os grupos de Cida e Estela, com Luís Couto e Ricardo, apoiarão a candidatura de Luciano Cartaxo? Cartaxo apoiará Cida ou Estela, formando ao lado de Ricardo Coutinho?
Lógico que existe a possibilidade, embora remota, de o presidente Lula usar seu prestígio e força política para fazer o liame entre todas as correntes na Paraíba. Mas aí surge outra questão:
E Lula vem fazer campanha contra o governador João Azevedo na Paraíba?
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