Oposição de Campina Grande está presa a Romero; leia análise
O deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) ganhou novamente destaque na imprensa formal, portais e blogs do Estado nas últimas horas. É repercussão de entrevista ao programa Hora H, do jornalista Heron Cid, na terça-feira, onde o parlamentar manteve a m banho maria sua decisão sobre as eleições do próximo ano em Campina Grande. Usou o chavão segundo o qual “quem tem tempo não tem pressa” e jogou tudo para 2024.
Do ponto de vista da política que se pratica no Brasil, sempre repleta de articulações de bastidores, jogadas surpreendentes e reviravoltas, algumas inexplicáveis e fruto de acertos inconfessáveis, não se pode crucificar Romero por não antecipar uma decisão sobre possível candidatura a prefeito.
Convenha-se, porém, que, diante das circunstâncias, serão lícitos os questionamentos sobre onde Romero está se situando. Os extremos cuidados são movidos apenas por prudência ou Romero estaria pondo seu prestígio eleitoral em jogo?
Os fatos indicam que, de fato, existe, no momento, um abismo no relacionamento político entre Romero e o prefeito Bruno Cunha Lima. Não há novidade nisso. Mantém-se um velho script de rompimentos entre antecessor e sucessor na política brasileira. Por este viés, vale acreditar que o ex-prefeito está sendo prudente, uma vez que a candidatura a prefeito o coloca em ruptura com toda sua história política. Precisa, então, agir em total segurança para não comprometer o futuro.
Há que se observar também o estilo pessoal de Romero, que nunca foi de rompantes nem de exacerbo na política. Sempre trilhou pela moderação.
Por tudo, Romero estaria agindo dentro do previsto para seu modo de fazer política.
Contudo, ainda não dá para cravar que Romero já tenha concluído que não existe mais clima para continuar a aliança com o prefeito Bruno e manter-se no grupo Cunha Lima. Sebe ele que seu prestígio eleitoral não pode ser desprezado e que pode aproveitar-se disso para se impor dentro do esquema que, apesar de forte, expõe clara fragilidade de comando. Falta liderança clara. Talvez seja essa a razão das escaramuças entre Romero e Bruno. Uma disputa surda pela liderança do outrora grupo Cunha Lima puro.
De qualquer modo, a posição ou a falta de posição de Romero tem implicações diretas na oposição.
Querendo ou não, a oposição acabou presa a Romero. Aguarda por ele, apesar de ter consciência dos graves prejuízos que pode contabilizar.
O atrelamento se deu desde o momento em que surgiram as primeiras especulações sobre insatisfações de Romero em relação ao prefeito Bruno Cunha Lima, gerando, em consequência, os boatos sobre uma possível candidatura sua a prefeito. Foi o suficiente para inibir e praticamente paralisar a oposição, que tem possibilidade de reagir, mas permanece sem ação, estatelada, encolhida no friozinho da serra.
Pelo visto, então, o comando de Romero vai prevalecer: nada será decidido antes de 2024.
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