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Coluna - Josival Pereira

Episódios com prefeitos exalam corrupção, ódio e insensibilidade

Josival Pereira analisa os mais recentes casos envolvendo gestores paraibanos

Por Josival Pereira Publicado em
Episódios com prefeitos exalam corrupção, ódio, impostura e insensibilidade
Episódios com prefeitos exalam corrupção, ódio, impostura e insensibilidade (Foto: Secom - Prefeituras)

Na Paraíba, quatro prefeitos se envolveram em episódios grotescos nos últimos dias.

O último da série, nesta terça-feira, foi a prisão do prefeito de São Mamede, Umberto Jefferson de Morais Lima (União), acusado de fraudar licitações no município e da prática de corrupção ativa e passiva, entre outros supostos crimes.

A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público, através do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), já haviam realizado a Operação Festa no Terreiro, há mais de 6 meses, onde recolheu celulares e outras provas dos supostos crimes. Agora, veio a Operação Festa no Terreiro 2.

A propósito, segundo as investigações, “festa no terreiro” era a senha usada pelos envolvidos nos eventos criminosos em São Mamede para comunicar, via celular, os acertos de fraude às licitações no município.

Para maior azar do prefeito, também nesta terça-feira, o Tribunal de Contas o notificou para prestar esclarecimentos de irregularidades em licitações e outros problemas de gestão.

Já no fim de semana, enquanto passeava num shopping da Capital, o prefeito de Sapé, Major Sidney, foi taxado de ladrão em ato é bom tom pela ex-primeira dama do município, Tereza Carneiro. Houve confusão envolvendo familiares de ambos os lados e o fato acabou registrado, pelo prefeito, em BO (Boletim de Ocorrência) na Central de Polícia.

O que seu viu no episódio foi ataque  pessoal raivoso, grosseria e total desrespeito aos frequentadores do shopping, que não têm nada a ver com a baixaria da política de Sapé.

Outro caso do fim de semana tem como protagonista o prefeito Ricardo Pereira, de Princesa Isabel, que, num episódio típico de fim de festa, faz um discurso, transmitido em live, anunciando que estava num ambiente de muito sexo, drogas e rock and roll. Disse um pouco mais. Soltou as peias, liberou a língua.

Para fechar a lista, no domingo, dia dos pais, em Gurinhém, no fim da tarde, filhos tiveram que abrir a cova para sepultar o pai no cemitério local. Não tinha coveiros nem sinal do poder público no local.

Pode-se dizer que todos os fatos narrados são corriqueiros na vida pública paraibana, nordestina e brasileira. Mas não deixam de ser chocantes e, lamentavelmente, representativo do um tipo de política que ainda se pratica por aqui.

O primeiro representa a cultura da corrupção entranhada na política e na gestão pública brasileira. Uma praga que se combate, mas que sempre emerge com força feito erva daninha a consumir recursos que poderiam melhorar a vida de todos.

O caso de Sapé é o retrato da praga do ódio que infestou  as relações políticas no Brasil nos últimos anos.  Se impõe com manifestações descontroladas e profundamente desrespeitosas. Não discute ideias nem soluções para os problemas. Busca simplesmente destruir a reputação do oponente ou adversário. Trata-se de comportamento que não é e nunca foi próprio da verdadeira política.

No discurso desvairado do prefeito de Princesa Isabel é possível enxergar atitudes de impostura que acometem em sem número de políticos sem noção que acham que podem tudo.

Em Gurinhém, o prefeito Saulo de Paiva anunciou o afastamento do servidor do cemitério, mas jamais conseguirá apagar a marca de insensibilidade carimbada na ausência de gestão no campo de sepultamento e que, certamente, transborda para outros setores e algumas centenas de outras gestões públicas espalhadas pelo Brasil.

Lógico que os gestores e pessoas mencionadas aqui não podem ser (e não são) símbolos, mas, no geral, não há como não considerar que corrupção, ódio, impostura e insensibilidade, presentes nas ocorrências, são, tristemente, elementos característicos de muitas de nossas gestões públicos e de nossos políticos, que precisam ser combatidas com veemência pelo cidadão/eleitor. E esse combate deve começar nas urnas. Já.

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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.