Efraim e Nilvan mexem decisivamente no xadrez da direita na capital
Tornando realidade o que era apenas especulações, o senador Efraim Filho (União) e o comunicador Nilvan Ferreira (PL) se reuniram no final da manhã desta quinta-feira (20).
Ambos sustentaram que o encontro serviu apenas para uma avaliação de cenários políticos para a disputa das eleições municipais em João Pessoa em 2024 e as eleições estaduais em 2026. Negaram ter havido discussão sobre filiação de Nilvan ao União Brasil, mas anunciaram que vão continuar conversando sobre como participar das eleições do próximo ano, dando a entender que pretendem marchar unidos.
O que efetivamente está em jogo entre Efraim e Nilvan?
Existem dois fatos concretos na mesa.
De um lado, como candidato mais votado a governador no primeiro turno das últimas eleições e o candidato que disputou o segundo turno das eleições para prefeito em 2020, Nilvan tinha certeza que seria candidato de seu partido, o PL, na Capital, mas está tendo os planos interrompidos pelo lançamento da candidatura do ex-ministro Marcelo Queiroga pela direção nacional. Ou seja, está sem legenda para ser candidato.
De outra banda, querendo montar uma boa base do União Brasil em João Pessoa para a disputa das eleições estaduais de 2026, sem perda de tempo, Efraim busca atrair Nilvan para ser o candidato do partido nas eleições municipais na Capital. Não apenas coloca uma legenda à disposição, mas um partido com grande estrutura para uma campanha eleitoral.
Qual o problema se os projetos se encaixam perfeitamente?
São os cenários a que os dois se referiram em entrevistas após a reunião na sede do União Brasil.
Embora tenha ido para o segundo turno em 2020 sem ainda ser bolsonarista assumido, Nilvan se vinculou e tem jurado fidelidade a Bolsonaro. Diante das portas abertas do União Brasil, avalia qual seria o impacto de deixar o PL logo agora ou se não é melhor esperar até ficar caracterizado claramente o descarte de seu nome como candidato. Saindo como vítima, lá na frente, ele certamente será acompanhado por um contingente maior de bolsonaristas. Saindo logo agora para se filiar ao União Brasil não escapará da acusação de individualista e até de traidor. Melhor, então, ainda lutar para ser candidato pelo PL.
Esse é o segundo cenário em avaliação. Nas entrelinhas das entrevistas, dá para fazer a leitura que parece ter ficado aventada a possibilidade de uma aliança entre o União Brasil e o PL, desde que o candidato seja Nilvan. Desse modo, a reunião com Efraim pode ter dado um trunfo para Nilvan enfrentar a disputa interna com o deputado Wellington Roberto dentro do PL. Pode chegar em Brasília com a proposta de uma aliança política com força para disputar a Prefeitura de uma capital com chances de vencer. Essa possível perspectiva também vai obrigar o ex-ministro Marcelo Queiroga a apresentar resultados. Se não começar a pontuar bem nas pesquisas, perderá espaço.
O provável terceiro cenário a ser observado nos próximos meses é o da possibilidade de Nilvan se transferir para uma legenda puramente bolsonarista com a ideia de não perder eleitores mais fiéis ao ex-presidente. Nesse caso, o que se pode imaginar seria também a possibilidade de aliança dessa legenda com o União Brasil.
Não se pode duvidar ainda que o encontro entre o senador Efraim e Nilvan tenha sido cuidadosamente planejado para sentir as reações do eleitorado bolsonarista. Tanto que foi tornado público e ambos falaram abertamente com a imprensa logo depois. Afinal, Efraim não está distante do bolsonarismo e, com certeza, o União Brasil na Paraíba não fará objeções a que Nilvan se mantenha seguidor de Bolsonaro.
Essas parecem ser as conjecturas mais prováveis traçadas no encontro de Efraim com Nilvan. Seja o que for, a verdade é que, com essa reunião, os dois mexeram bem no tabuleiro do xadrez da direita na Capital com vistas a disputa das eleições do próximo ano. Talvez já tenham armado o xeque-mate.
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