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Coluna - Josival Pereira

Estranho jogo de poder no PL da Paraíba; leia análise

Josival Pereira analisa a polícia paraibana e as relações de poder

Por Josival Pereira Publicado em
Wellington Roberto, deputado federal paraibano.
Wellington Roberto, deputado federal paraibano. (Foto: Michel Jesus/Agência Câmara)

As desavenças no PL (Partido Liberal) na Paraíba em torno da escolha do candidato a prefeito de João Pessoa estão revelando um fenômeno novo na política, que é o da despretensão ou suposta despretensão de poder. O fenômeno está sendo inaugurado pelo deputado Wellington Roberto, presidente estadual da legenda, com o filho Bruno Roberto.

Os dois têm insistido, através da imprensa, que ninguém do partido na Paraíba tem poder para definir o nome do candidato a prefeito. O “ninguém” aí engloba as instâncias partidárias, que são direção Executiva, diretórios (municipal e estadual) e a convenção, que, por lei, é quem tem a competência (poder) decidir sobre candidaturas.

Na política, a regra é que ninguém abre mão de poder. Faz-se de tudo para exibir poder, quando se tem uma função; ou perspectiva de poder, quando se disputa cargo ou função.

Não é o que tem acontecido com Wellington. Aparentemente, ele tem o poder de controle regional do PL. Era natural que tivesse coordenando o processo para escolha de candidatos a prefeito, liderando o movimento, influenciando com sua experiência política. No entanto, o parlamentar, com muita antecedência, tem remetido o poder de escolha do candidato a prefeito para a Executiva nacional. São repetidas as declarações de Roberto neste sentido, com reverberação de Bruno Roberto.

Por que a direção estadual do PL abre mão do poder de coordenar a escolha do candidato a prefeito de João Pessoa? Por que, ao contrário de todos os manuais da política, Wellington Roberto transfere um poder que seria dele? O que tem por trás dessa atitude?

A explicação mais provável é a de que Wellington Roberto, apesar de ser presidente estadual do partido, já perdeu o poder sobre o PL da capital, especialmente em relação à escolha do candidato a prefeito. A evidência eloquente dessa situação foi a entrega, pela Executiva nacional, do comando do diretório municipal ao deputado Cabo Gilberto.

Com a ascensão de Cabo Gilberto à Câmara Federal, era natural que ele passasse a dividir o comando do PL na Paraíba com o deputado Wellington Roberto. Mas a direção nacional não dividiu o diretório ou a Executiva estadual. Preferiu entregar todo o comando do partido em João Pessoa ao novo parlamentar federal da legenda. Resultado: Wellington perdeu o controle na Capital. Especula-se que havia desconfiança, em Brasília, de que ele poderia defender uma aliança do PL com o deputado Ruy Carneiro (PSDB). A candidatura própria é o desiderato.

A defesa, antecipada, de que a escolha do candidato a prefeito na capital seja feita em Brasília parece a forma encontrada pelo deputado Wellington Roberto de continuar exercendo alguma influência e de atrapalhar pretensões de desafetos dentro do partido – Nilvan Ferreira, o candidato mais votado em João Pessoa, e até do próprio Cabo Gilberto, o mais bolsonarista do integrantes da sigla e em ascensão.

A ideia é defender a candidatura do ex-ministro da Saúde, médico Marcelo Queiroga, que, pela proximidade, não receberia veto e poderia contar com o apoio direto do ex-presidente Jair Bolsonaro. Um arrodeio para Wellington recuperar o controle sobre o PL da capital. Todavia, o movimento encerra riscos. Se o escolhido for Nilvan ou Cabo Gilberto, consagra-se um novo poder sobre o PL da Paraíba. Se for Queiroga, há risco de divisão na legenda, com possíveis prejuízos na eleição. No entanto, dará totalmente certo para Wellington, se Queiroga for o escolhido, a direção nacional conseguir a unidade do partido e o resultado eleitoral for favorável. O PL vive, assim, um inusitado e estranho jogo de poder.

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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.