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Coluna - Josival Pereira

Existe esperança de mudança ou o Nordeste vai continuar perguntando para que serve a Sudene?

Josival Pereira analisa contribuição da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste na região

Por Josival Pereira Publicado em
Danilo Cabral está no comando na Sudene
Danilo Cabral está no comando na Sudene (Foto: Reprodução/Instragam @danilocabralpe)

A divulgação de dados do Censo nacional, a presença do ministro Wellington Dias (Desenvolvimento e Assistência Social) e as brigas políticas paroquiais (eleições em João Pessoa e Campina Grande abordadas pelo governador em respostas a perguntas em coletiva de imprensa) ofuscaram a passagem do novo superintendente da Sudene (Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste), Danilo Cabral, pela Paraíba, no início da semana.

Objetivo, Cabral afirmou, em conversa com a imprensa paraibana, após reunião com o governador João Azevedo e lideranças políticas locais, que sua missão era restabelecer o pacto da Sudene com os governadores do Nordeste. Na verdade, o pacto deve ser com os estados e municípios e espera-se que efetivamente seja possível o restabelecimento de compromissos em prol do desenvolvimento da região.

Foram alentadoras as palavras do novo superintendente da Sudene revelando que o objetivo prioritário de sua ação no órgão será conceber e formular um plano de desenvolvimento estratégico para o Nordeste.

Lógico que os planos de desenvolvimento de cada um dos estados nordestinos são importantes para a região. As obras de cada governador ajudam a impulsionar. As emendas de deputados e senadores irrigam recursos para obras que podem ser consideradas extremamente necessárias. Nada mais necessário, porém, do que um plano de desenvolvimento estratégico para toda a região. Necessário e urgente.

A Sudene nasceu, no fim da década de 1950, a partir de movimento liderado pelo paraibano Celso Furtado, com a finalidade precípua de conceber e executar planos para o desenvolvimento estratégico da região, visando, essencialmente, reduzir as desigualdades em relação ao Sul e Sudeste.

A região estava muito atrasada. Havia muita pobreza, analfabetismo e conflitos rurais. Entre os planos concebidos, a industrialização ganhou prioridade absoluta, uma vez que era inimaginável se acreditar que um território castigado pela seca pudesse ser reservado para a agricultura e a pecuária. Acabava sendo apenas um celeiro de mão de obra para os campos férteis e a construção civil de São Paulo e da então Guanabara.

Apesar dos muitos empecilhos, o projeto deu certo. O Nordeste mudou depois da criação da Sudene. A região ganhou voz e visibilidade. Conseguiu assegurar recursos na Constituição a título de incentivo para a redução do histórico atraso e discriminação. Lamentavelmente, como quase tudo na política brasileira, acabou virando centro de corrupção, sendo extinta pelo presidente Fernando Henrique Cardoso.

Apesar de recriada nas primeiras gestões de Lula, a Sudene nunca conseguiu recuperar sua força. Os estados do Nordeste talvez tenham recebido até mais recursos após sua extinção, todavia, quase sempre de forma dispersa, para projetos e obras aleatórias, que ajudam a região a crescer, mas não a se desenvolver de forma uniforme e em todos seus aspectos, sobretudo, socialmente.

A convocação, pelo presidente Lula, do ex-governador de Pernambuco, Danilo Cabral, para comandar a Sudene nesta nova fase parece carregada de compromissos. O ex-governador pernambucano, filiado ao PSB, ostentava todas as condições para se tornar ministro de Estado, assim como outros governadores do Nordeste foram contemplados. Mas Lula o reservou para a Sudene. Tem que ser missão. É essa a esperança. E o compromisso terá que ser, no mínimo, conceber um grande plano de desenvolvimento estratégico para a região. Não dá para os nordestinos continuarem a perguntar para que serve a Sudene.

Leia aqui outras análises de Josival Pereira.


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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.