Futuro do trabalho: mundo deve perder 20 milhões de empregos em 5 anos
Foi perceptível, neste 1º de maio, que existe uma certa inquietação dos trabalhadores no mundo inteiro. A imprensa mostrou mobilizações de porte em países da União Europeia, inclusive com confrontos com a polícia, como nos casos da França e da Europa, e países mais pobres, onde as relações de trabalho parecem deterioradas por crises e por reformas.
No Brasil, curiosamente, o Estado tenta se apropriar da pauta de reivindicações através do próprio presidente da República, Lula da Silva, que compareceu pessoalmente ao principal evento em comemoração ao dia do trabalhador. Natural. Lula é aposentado como trabalhador.
Apesar das pautas específicas, como o aumento real do salário mínimo e o reajuste da faixa de isenção do imposto de renda, anunciadas pelo presidente, e outras como reivindicações a serem conquistadas (regulamentação do trabalho remoto, salário igual para homens e mulheres e reforma da reforma do trabalho), a presença de Lula no evento convocado pelas centrais sindicais parece ter visado um efeito mais político. Lula se vincula ainda mais aos trabalhadores em confronto com o ex-presidente Bolsonaro, que faz opção por comparecer a um evento do agronegócio.
Na pegada política, as centrais sindicais acabaram incluindo na pauta de reivindicações o item “aprofundamento da democracia”. Lógico que tem a ver com a disputa política nacional. A explicação é que, com democracia, os trabalhadores encontram ambiente favorável para encaminhar suas lutas, o que não conseguem em regimes autoritários.
Eliminação de postos de trabalho
Na esteira dos esforços de reorganização das entidades de trabalhadores, chamou a atenção, nesta segunda-feira, a divulgação do relatório Futuro do Trabalho, elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, com apoio da Fundação Dom Cabral, a partir de uma pesquisa envolvendo 803 empresas em todo o mundo.
O resultado é desanimador para o mundo do trabalho e revela, em certa medida, que centrais sindicais e sindicatos talvez não estejam compreendendo o que vem ocorrendo de modo avassalador em escala planetária.
Conforme o relatório, o mundo deve perder 20 milhões de postos de trabalho nos próximos 5 anos. A conta é assim: a expectativa é que sejam criados 69 milhões de novos empregos e eliminados 89 milhões de postos de trabalho no mesmo período. O saldo negativo, portanto, é de 20 milhões de vagas no mercado de empregos.
O saldo negativo seria resultado da digitalização e da automação, segundo o estudo. Ou seja, resultado do avanço da tecnologia, que já eliminou alguns milhões de postos de trabalho e excluiu outros milhões que não conseguem acompanhar as evoluções da tecnologia.
Trata-se de realidade inquestionável, mas, estranhamente, parece não fazer parte das preocupações e das lutas das organizações dos trabalhadores no Brasil e no mundo. Pelo menos não apareceu entre as bandeiras de luta nas manifestações mundo afora.
Postos de trabalho com mais perspectiva de criação de vagas (segundo o relatório):
- Especialista em IA (Inteligência Artificial) e aprendizagem de máquina
- Especialista em sustentabilidade
- Analista em inteligência de negócios
- Analista de segurança da informação
- Engenharia Fintechs
- Cientista e analista de dados
- Engenharia de robótica
- Especialista em big data
- Operadores de equipamentos agrícolas
- Especialista em transformação digital
Postos de trabalho que devem ser eliminados:
- Caixas de banco e funcionários relacionados
- Funcionários de correios
- Caixas e cobradores
- Escriturários de entradas de dados
- Secretários administrativos e executivos
- Assistentes de registros de produtos de estoque
- Escriturários de contabilidade
- Legisladores e oficiais judiciários
- Atendentes estatísticos, financeiros e de seguros
- Vendedores de porta em porta, ambulantes e funções relacionadas.
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