Alianças de João e Cícero e de Veneziano e Bruno não têm volta
Josival Pereira analisa posicionamento de líderes políticos em relação às eleições de 2024
Os rumos futuros da política paraibana vão se evidenciando a cada dia na movimentação de seus principais líderes. Dois eventos – um no fim de semana, em Campina Grande, e o outro, nesta segunda-feira, em João Pessoa, por exemplo, praticamente selam o posicionamento de dois dos mais importantes líderes políticos em relação às eleições de 2024 nas duas maiores cidades do estado.
O governador João Azevedo (PSB) e o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB), aliados até o início de 2022, mas adversários desde então, não deixam mais dúvidas de como pretendem se posicionar nas eleições do próximo ano em suas bases eleitorais.
O deputado Fábio Ramalho (PSDB) agiu, no fim de semana, para gerar um retrato do que pode ser uma das principais alianças políticas em Campina Grande, levando para a festa do dia das mães em Lagoa Seca o prefeito Bruno Cunha Lima (ainda no PSD), o senador Veneziano Vital do Rêgo e o deputado federal Romero Rodrigues (Podemos).
A aposta de Ramalho é que os três estarão juntos na disputa pela Prefeitura de Campina Grande, formando a base para uma forte aliança para 2026. Talvez ainda não se possa fixar Romero de forma definitiva na aliança, mas já possível colocar, sem dúvida alguma, Veneziano junto a Bruno Cunha Lima.
Veneziano fez essa escolha no segundo turno das eleições de 2022, quando decidiu apoiar a candidatura de Pedro Cunha Lima a governador. Sabia que precisaria vencer resistências de seu lado (MDB) e do lado de Bruno (PSD e PSDB), mas que teria uma vaga garantida de candidato a senador na chapa da oposição em 2026. É o que parece definitivamente posto.
Pode ser ainda que Romero e Tovar Correio Lima (PSDB) criem dificuldades para Bruno e Veneziano reivindicando a indicação do candidato a vice-prefeito. O primeiro, pela força política que tem em Campina Grande e por resquícios da ação oposicionista de Veneziano enquanto era prefeito; o segundo, tentando avançar no desejo de fazer-se candidato a prefeito em 2028. Mesmo assim, não vão evitar a presença de Veneziano ao lado de Bruno. Pode ser pretexto para um rompimento de Romero, mas não há mais volta para Veneziano.
Em João Pessoa, ao amiudar visitas a obras ao lado de Cícero Lucena (PP), João Azevedo acelera seu plano de não permitir qualquer questionamento de aliados dentro ou fora do PSB sobre a aliança com o atual prefeito. A avaliação é que é mais fácil superar problemas de popularidade evidenciados nas eleições do ano passado do que construir outra candidatura.
Além disso, a manutenção do apoio a Cícero é uma forma de manter o PP na aliança estadual, preservando para 2026 um campo de forças que já deu certo em 2022. Reforçando os sinais de que a aliança em João Pessoa está consolidada, o governador pode também aplacar resistências a Cícero nos partidos da esquerda, reduzindo problemas para a formação de uma ampla aliança em 2024, talvez a melhor forma de juntar forças para vencer outra vez.
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