Registro foi publicado pelo prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima (Foto: Reprodução/Instagram @brunocunhalima)

Apesar de todos os esforços de divulgação positiva, o ato articulado pelo deputado Fábio Ramalho (PSDB) no fim de semana, em Lagoa Seca, para gerar fotos com o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, o senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB) e o deputado federal Romero Rodrigues (Podemos) parece não ter resultado tão pacífico como se esperava.

Houve e ainda está havendo muito moído. É o que registrou parte da imprensa de Campina Grande nesta segunda-feira, relatando um café de fim de tarde que o deputado Fábio Ramalho teria sido obrigado a promover, reunindo Bruno e Romero, para explicar a iniciativa do encontro e permitir que os dois pudessem conversar.

De acordo com relatos do jornalista Celino Neto, por exemplo, o café foi meio amargo porque teria havido “lavagem de roupa suja” entre Bruno e Robero e os dois não teriam se entendido no final da conversa.

Os ruídos relatados pela imprensa acabaram sendo confirmados em declarações subliminares dos envolvidos. É o que se pode depreender de leitura mais acurada de trechos de entrevistas concedidas nesta segunda-feira.

O prefeito Bruno Cunha Lima se esforçou, durante o dia, para transmitir convicção de que a aliança envolvendo também Romero e Veneziano era plenamente possível, mas acabou deixando escapar preocupações e até o possível clima de atrito com o ex-prefeito.

A preocupação pode ser lida, por exemplo, na revelação de Bruno que Romero e Veneziano já teriam tido uma reunião “secreta” em Brasília. O “secreta” aí revelaria claramente a dificuldade de conversa entre os dois. A discussão sobre uma possível aliança política não precisa ser tão secreta assim. Noutra entrevista, falando sobre a natureza de uma aliança, Bruno disse “não precisa de casamento”, mas apenas de “respeito”. É a admissão mais clara de que está havendo problema na relação.

O deputado Romero Rodrigues também deixou escapar que existe ruído um tanto sério no processo de tentativa de ingresso do senador Veneziano Vital do Rêgo no esquema que ele integra (Cunha Lima) para as eleições de 2024. Em entrevistas no fim da reunião que prefeitos realizavam em Campina Grande, Romero disse que “ainda ia conversar com o prefeito sobre eleições”, que “o certo e ficar com Bruno, mas só fica se o couber, se não couber cai fora”, que sua conversa com a “oposição é zero”, etc. Se “couber” ele onde, em quê? É como se Romero tivesse se sentindo excluído.

São declarações que deixam claro a existência de desentendimentos políticos na relação de Romero com Bruno por causa da possível chegada de Veneziano e que os problemas já estão na mesa. É perceptível também que existem esforços de entendimento, mas já não é possível esconder os atritos e desavenças.

Por sua vez, o senador Veneziano, não se sabe se sem querer ou se conscientemente, acabou externando aquilo que talvez seja o móvel de todos os ruídos. Algum portal de notícia ou blog divulgou o que seria uma declaração sua segundo a qual “já teria porta aberta para indicar o candidato a vice-prefeito”. Não deixa de ser uma forma de fazer a discussão andar, mas não deixa de ser também um problema para a formação da aliança que ele deseja.

Não existe nenhuma indicação de possível rompimento em Campina Grande. Os sinais vistos aí são ainda de ruídos próprios do processo de tentativa de formação de aliança entre adversários quase históricos. Pelo visto, porém, o processo não será tranquilo. Nada fácil.

Leia também:

• Candidatura de Queiroga em João Pessoa pode provocar desarranjo no bolsonarismo
• Alianças de João e Cícero e de Veneziano e Bruno não têm volta
• Caso Dallagnol está totalmente contaminado pela política