Ações da Segurança indicam não ser preciso guarda armada nas escolas
Enquanto deputados, prefeitos e vereadores se apressam em aprovar projetos, orçamentos e licitações para a implantação de detectores de metais e policiais ou guardas armados nas escolas, ações da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social do Estado e do Gaeco (Grupo de Atuação Especial contra o Crime Organizado), do Ministério Público da Paraíba, vão demonstrando que é possível conter e desmontar a possível violência nas unidades escolares sem estardalhaço e desperdício de gastos.
Em uma semana, a Força Tarefa constituída pelos órgãos de segurança da Paraíba já localizou adolescentes que ameaçavam ataques em Campina Grande, ocorrências suspeitas em várias cidades, bem como outros alunos que disseminavam notícias falsas tocando o terror (fake news) em Guarabira, Mogeiro, entre outras localidades não divulgadas.
Foi possível apreender faca de um aluno que exibia a arma para colegas; foi possível apreender computadores e celulares; adolescentes foram apresentados à Justiça e internações foram determinadas, e ficou constatado que existem muitas brincadeiras, que algumas fake news foram propagadas por alunos com preguiça de ir à escola, mas que existem muitas ameaças em potencial, que precisam de intervenções sérias.
Por isso, são intensas as investigações nas redes sociais e há identificação de dezenas de perfis suspeitos ou que disseminam o terror pela internet envolvendo escolas como supostos alvos. Nestes casos, as informações foram repassadas ao Ministério da Justiça, que está tentando fazer com que as plataformas digitais os retirem do ar. Algumas centenas já foram retirados.
A Operação Escola Segura nacional também já conseguiu identificar algumas dezenas de adolescentes ameaçadores ou propagadores de ameaças em praticamente todos os Estados. Existem casos graves, mas está ficando comprovado que os órgãos de segurança dispõem de mecanismos para monitoramento das redes e a identificação de ameaças envolvendo adolescentes potencialmente agressores.
Na Paraíba, as ações podem ser consideradas eficientes.
Lógico que isso não é tudo. Alguns ataques violentos a escolas foram perpetrados por adultos que não tinha nada a ver com a unidade escolar, como foi o caso de Blumenau. Um ataque anterior em Santa Catarina foi praticado por um ex-funcionário da creche. Nos Estados Unidos, os ataques são geralmente praticados por atiradores sem vínculos com as escolas.
Nestes casos, a prevenção fica mais complicada. Os detectores de metais nas portas principais são difíceis de resolver o problema porque os registros são de criminosos pulando muro ou ingressando na escola pelos fundos ou portais laterais. Um único vigilante pode inibir, mas dificilmente terá condições de conter a sanha assassina.
O que se quer dizer com isso? Não é que medidas como essas não devam ser levadas em consideração. Precisam ser mais profundamente discutidas em debates envolvendo especialistas em segurança e educação. Talvez sejam necessárias em alguns casos. Noutros podem ser plenamente dispensáveis.
Evidencia-se que a inteligência digital seja aprimorada, abrangendo, inclusive, potenciais criminosos que tenham passagem pela polícia ou façam ameaças terroristas de cunho político (nazi-fascismo).
As secretarias de educação e as próprias escolas podem montar redes primárias de monitoramento, associada aos órgãos de segurança. Toda informação precisa ser registrada e processada. Um aluno mais briguento, soturno ou esquisito precisa ser acompanhado. Uma ameaça a um professor deve ser tomada como sinal de potencial perigo.
O que não pode é deixar que os políticos saiam por aí, apressadamente, quase sempre pensando nas próximas eleições, aprovando medidas no calor do pânico quase sempre de fundo policial, repressor ou inspirada na cultura da violência (mais violência ou aparato de violência para combater a violência).
O debate sobre a busca de soluções para prevenir ataques violentos a/ou nas escolas deve ser feito sem estresse, de forma aprofundada e abrangente. Precisa, sem açodamento, envolver a comunidade e os pais, que também são responsáveis pelos filhos.
Certo é que as primeiras ações já indicam caminhos a seguir.
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