Governador começa a 2ª gestão com agenda típica de ano eleitoral. O que significa isso?
O governador João Azevedo cumpre uma extensa agenda de inaugurações nesta quinta-feira na região do Curimataú. Uma maratona de dia inteiro, com eventos em 10 cidades: Soledade, São Vicente do Seridó, Pedra Lavrada, Nova Palmeira, Frei Martinho, Picuí, Nova Floresta, Cuité, Sossego e Cubati.
Trata-se de uma agenda de entrega de obras: travessias urbanas, escolas, ginásios e uma nova rodovia ligando Picuí a Nova Floresta, na divisa com o Rio Grande do Norte.
O segundo mandato do governador João Azevedo está apenas começando. É o início do terceiro mês da nova gestão. Contudo, até parece que se trata de agenda de um ano de campanha eleitoral ou de fim de governo, quando o mandatário corre para não deixar obras para serem inauguradas pelo próximo.
O governador, secretários, assessor e todos os aliados vão dizer que as inaugurações são o resultado do trabalho operoso, da competência do governo e podem até alegar que é um jeito de agradecimento pela grande votação no interior nas últimas eleições. Argumentos razoáveis, sem muitas brechas para contestações. Se existem obras e serviços, então, nada mais justo do que o governador entregar à população.
A questão é que o formato da agenda é meio inusitado para o momento da gestão. Não é comum que presidentes, governadores ou prefeitos se avexem em cumprimentos de agendas de inaugurações em início de mandatos. Mesmo em caso de reeleição e continuidade. O mais comum é que as inaugurações sejam economizadas para períodos mais próximos da próxima eleição.
Pode ser, então, que o marketing político aproveite os eventos desta terça-feira para acrescentar pontos à imagem do governador João Azevedo, argumentando ou repetindo que ele é diferente, não é um político tradicional e, portanto, não faz uso eleitoreiro das realizações. Por isso, todo tempo é momento para a entrega de obras. E a impressão é que esse tipo maratona de agenda de inaugurações será repetido nos próximos meses. Faz parte da política.
De qualquer forma, a impressão mais forte que se evidencia é a de que, embora de outro jeito, mais sutil e habilidosamente, João Azevedo prepara o cenário para as novas eleições (2024 e 2026). Primeiro, consolida sua imagem nos municípios do interior. Cumpre o compromisso de fazer uma gestão municipalista. Vai, com certeza, obter uma safra vigorosa nas eleições para prefeito. O quadro para 2026 estará totalmente desenhado. Engana-se redondamente quem pensa que o governador João Azevedo pensa em deixar a política.