Criação de federação entre o União Brasil e o PP emperra e divergência na PB é uma das causas
O apoio temporão do Republicanos ao projeto de reeleição do prefeito Cícero Lucena deverá ser apenas uma das muitas e inesperadas movimentações partidárias na Paraíba nos próximos meses. E, certamente, pode nem ser a mais significativa.
Na pauta, até maio, por exemplo, um desfecho para as articulações de composição de uma federação reunindo duas grandes legendas nacionais – o União Brasil (União) e o Progressistas (PP) -, que se transformaria na União Progressista e seria a força política com a maior bancada na Câmara Federal (108 deputados) e no Senado (16 senadores). A essência do “centrão”, embora esse aglomerado tenha parlamentares em diversos outros partidos.
Antes do carnaval, se dava como certo o anúncio da junção dos dois partidos agora na primeira quinzena de março. Vai ficar para maio, que é o último prazo previsto na legislação que regulamentou a criação de federações para vigorar na atual legislatura. Os dirigentes nacionais já fecharam o acordo, mas divergências regionais têm emperrado a formalização da federação.
A Paraíba é um dos problemas, segundo reportagem de hoje na imprensa nacional, juntamente com diretórios dos dois partidos no Maranhão, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Pernambuco.
Qual o problema central? Definir quem vai comandar a nova agremiação em cada Estado.
A cúpula dos partidos já estabeleceu critérios para essa definição, mas, mesmo assim, a possibilidade de acordo nos Estados mencionados é muita baixa.
Pelos critérios estabelecidos, a federação União Progressista seria comandada pelo grupo político do governador nos Estados que tenham governadores de um ou outro partido; pela legenda que tenha o maior número de senadores (não havendo governadores) e, em último caso, pela legenda que tiver o maior número de deputados federais.
Na Paraíba, pelos critérios acertados, o comando da nova federação seria do senador Efraim Morais (União), que é senador. A imprensa nacional informa que o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP) não aceita essa solução.
Faz sentido. Há muito tempo a família Ribeiro, ainda com Enivaldo Ribeiro, tem seu próprio partido político. Não gosta de ficar refém de outros grupos ou lideranças. Além disso, como aglomerado político, no âmbito estadual, o grupo Ribeiro ostenta mais força política, tendo o vice-governador, uma senadora e uma bancada de quatro deputados estaduais. O União tem um senador e três deputados estaduais. Cada uma das legendas tem um deputado federal.
A família Morais também tem seu próprio partido há muitos anos. Começou lá atrás, com Efraim Morais pai controlando o antigo PFL. Efraim Filho já deu demonstração, por ocasião da fusão do Democratas com o PSL, que não abre mão do comando na legenda no Estado.
Pelo modo de atuação dos dois grupos, dificilmente, mas muito dificilmente mesmo, haverá possibilidade de conciliação para convivência num único partido político. Assim, o desfecho mais provável é que, se houver a concretização da federação como alguns dirigentes nacionais apregoam, é que um dos grupos – Ribeiro ou Morais – escape para outra legenda. E essa é uma possibilidade que tem muitas chances de se concretizar, gerando mais uma grande movimentação político-partidária na Paraíba.
A tendência nacional é junção de vários partidos, mas na Paraíba cada político quer um partido para chamar de seu, no mais velho estilo coronel.