Cícero pode perder tempo investindo no MDB e em Veneziano
A movimentação para composição de forças para a disputa das eleições de 2014 em João Pessoa não para. A mais recente envolve o MDB. O prefeito Cícero estaria tentando atrair o partido para seu arco de aliança a partir do apoio que tem dos vereadores da legenda na Câmara. Já houve até reunião da bancada para discutir os rumos do partido.
Quem disputa reeleição na história recente do Brasil, tendo o direito de permanecer no cargo durante o processo eleitoral, quase sempre consegue montar grandes alianças partidárias, uma vez que dispõe da estrutura de poder para atrair aliados nos anos anteriores. Com Cícero não é diferente. Ele tem conseguido ampliar suas bases. Mas talvez esteja perdendo tempo investindo no MDB, a não ser para consolidar o apoio que já tem.
Não que o prefeito Cícero Lucena não disponha de abertura suficiente para dialogar com o senador Veneziano Vital do Rêgo, o presidente estadual do MDB. Um trunfo seria o apoio dado por ele à candidatura do irmão de Veneziano – o atual ministro Vital do Rêgo Filho (TCU) - nas eleições de 2010. Vital foi eleito senador, sendo o mais votado em João Pessoa.
O problema é o que vai estar em jogo nas eleições de 2026. Muito provavelmente, nada menos do que a reeleição do senador Veneziano Vital do Rêgo. E aqui as coisas se complicam para o desejo do prefeito Cícero Lucena em contar com o MDB em seu palanque.
Embora a disputa para o Senado ofereça duas vagas, não existirá facilidade no esquema do prefeito Cícero Lucena para garantir apoio a Veneziano. Uma das vagas de candidato deverá ser do deputado Hugo Motta (Republicanos). Cícero já fechou acordo para ter o apoio do Republicanos em 2024. A outra pode ser da senadora Daniella Ribeiro (PSD), aliada de Cícero, se ela quiser disputar a reeleição, ou do governador João Azevedo (PSB), se ele se dispuser a ser candidato ao Senado. Existe ainda o complicador de os partidos mais à esquerda que estão se achegando a Cícero reivindicarem vaga na chapa majoritária de 2026.
Tudo isso representa risco para Veneziano. Além do mais, o senador do MDB tem em mãos o mapa das últimas três eleições para o Senado na Paraíba com a disputa de duas cadeiras. Em todas, o esquema governamental ficou com uma vaga e a oposição com a outra.
Começou em 2002. Saindo do governo, Zé Maranhão (PMDB) ficou com uma e o então deputado Efraim Morais (PFL), candidato na chapa da oposição, levou a outra. Em 2010, Cássio Cunha Lima (PSDB), recém saído do governo, ficou com o uma vaga e Vital do Rêgo Filho (MDB), irmão de Veneziano, que era oposição mas estava no esquema governamental por causa da posse tardia de Maranhão (após a cassação de Cássio), ganhou a outra. Em 2018, foi o próprio Veneziano beneficiado com uma das vagas disputando pela situação, tendo a então deputado Daniella Ribeiro (PP) conquistado a outra vaga como candidata da oposição.
O que o senador Veneziano estuda é se ele pode aparecer em 2026 como o principal candidato das forças de oposição. Toda sua movimentação se volta para as próximas eleições para o Senado. Pode ser até que vislumbre algum espaço no atual esquema governamental ou consiga a certeza de que receberá o apoio do prefeito Cícero Lucena em João Pessoa. Objetivamente, porém, já dá para perceber que nesse campo os espaços estão bastante congestionados. Por isso, talvez ele seja mesmo obrigado a optar pela oposição, caminho que já trilha abertamente com a aproximação com o grupo Cunha Lima em Campina Grande.