João Azevêdo (Foto: Reprodução / Gov. PB)

Existe algo de desconectado ou conectado demais na estratégia que o governador João Azevedo vai expondo, em entrevistas, sobre as eleições municipais, especialmente em João Pessoa e Campina Grande.

De forma repetida, o governador tem sustentado a defesa da aliança com o prefeito Cícero Lucena. Repete que tem rendido boas parcerias para a Capital e que, assim, a aliança deve ser mantida.

Mais recentemente, em Campina Grande, indagado sobre uma possível candidatura da senadora Daniella Ribeiro a prefeita, de imediato, o governador João Azevedo afirmou que ela receberia seu apoio.

Perceba-se que os dois aliados que recebem, por antecipação, o apoio do governador nas duas maiores cidades do Estado são de partidos de direita, um do Progressista (Cícero) e o outro do PSD (Daniella), embora toda sua família seja também do Progressista.

Pode-se alegar que, avaliando o resultado das eleições estaduais de 2022, o governador já estaria conectando seus possíveis candidatos com a tendência de direita manifestada pelos eleitores nas ruas. Se por acaso aparecer de verdade, essa alegação não faz o menor sentido. Não é assim que o eleitorado se conecta ideológica e politicamente e candidatos são definidos em cima de conjunturas concretas.

Outro argumento pode ser o de que talvez o governador não disponha de quadros em suas forças políticas mais próximas, sobretudo no PSB, e já esteja preparando terreno para a costura das alianças políticas em 2024. Se assim for, há algo bem desconectado da realidade.

Não precisa ser expert em política para saber que dificilmente o governador convencerá o PSB e o Republicanos, uma das maiores forças partidárias de seu arco de alianças, a apoiar candidatos diretamente ligados a um único grupo político, o liderado pelo deputado Aguinaldo Ribeiro, em João Pessoa e Campina Grande, sem falar no PT, que não é aliado no plano local, mas é na instância nacional e pode querer alinhar posições nas eleições municipais.

A não ser que o governador não tenha ainda deixado escapar a parte mais conectada de seus planos para 2024. Uma possibilidade, por exemplo, seria uma guinada do prefeito Cícero Lucena para a esquerda ou centro-esquerda, filiando-se a um partido da base de Lula. Pode ser o PDT. Com isso, sua candidatura poderia entrar em cotas de negociações da formação da maioria constitucional de Lula no Congresso. Pode ser também o próprio PSB, que aí, sim, conectaria, o candidato a prefeito de forma mais estreita com a base do governador.

São conjecturas, é verdade. Mas são sondagens mais prováveis do que a ideia de apoio do governador, ao mesmo tempo, a Cícero e Daniella como candidatos a prefeito em João Pessoa e Campina Grande em 2024.