(Foto: Divulgação/PMJP)

Logo que a gestão municipal de João Pessoa anunciou, ainda em 2022, que patrocinaria a Escola de Samba Dragões da Real para virar tema de samba-enredo no carnaval de São Paulo surgiram vários questionamentos. Seria uma prioridade? Não seria melhor investir os recursos em ações sociais? Melhor não seria gastar a grana no Folia de Rua e no Carnaval Tradição?

Os questionamentos tinham sua pertinência. O anunciado era que o investimento girava em torno de R$1 milhão, o que não é pouco, e, muitas vezes, eventos de grande porte na própria praça têm custos menos afetados e na seara social a necessitada sempre grita mais alto.

Passado o carnaval, desfile realizado, há de se perguntar: valeu a pena o investimento de João Pessoa na Dragões da Real?

Numa avaliação desprovida de qualquer viés político é justo reconhecer que, para o propósito de divulgação de caráter turístico, o investimento valeu a pena sim.

No quesito custo-benefício, que é o primeiro a se impor na avaliação, os benefícios são efetivamente bem maiores do que os custos. Começa que nenhum anunciante conseguiria comprar um programa de 1 hora de duração, ainda que ao amanhecer, na principal rede de televisão, para divulgação ininterrupta de seu produto durante a apresentação com bonitas imagens, alegorias gigantes, muita beleza e comentários fartos.

Foi o que ocorreu. Pode-se até alegar que a cidade não foi devidamente retratada nas alas, carros alegóricos, adereços, etc., mas foi apresentada em larga escala, com emoção, com comentários elogiosos, despertando, com certeza, curiosidade e interesse no público ao qual se destinava, que eram os turistas de São Paulo, Paraná, Minas Gerais, Goiás, da região Norte do país, além de outras paragens, até internacionais, uma vez que a transmissão do desfile também ganhou o mundo.

Essa parece ter sido a razão direta do investimento: despertar interesse e atrair turistas dessas localidades e regiões do país. O propósito não seria alcançado com o valor do investimento através de outras formas de divulgação e publicidade. Participação em feiras com amplo material de publicidade no decorrer de um ano, por exemplo, poderia até ter custos menores, mas jamais o impacto causado pelo samba-enredo e a transmissão do desfile. Comprar publicidade nas emissoras de televisão em horários nobres que importe em 1 hora de divulgação certamente sairia bem caro.

O propósito de divulgação turística foi alcançado de imediato e, certamente, terá repercussão por bastante tempo.

É possível que no debate político mais radicalizado apareça a crítica de que a gestão municipal tenha atendido interesses hoteleiros por ter empresários do setor no governo, mas os efeitos positivos do investimento são mais amplos e beneficiam toda uma cadeia de negócios da cidade que geram muitos empregos.

Registre-se ainda que o samba-enredo “Paraiso paraibano – João Pessoa, a porta sol das Américas – também gerou autoestima internamente nos pessoenses e paraibanos que residem fora. Se isso vai render pontos para a imagem do prefeito Cícero Lucena, faz parte dos negócios da gestão pública, que também corre seus riscos com esse tipo de investimentos. No caso presente, o prefeito acertou e João Pessoa ganhou.