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Josival Pereira

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Movimento golpista sofreu um golpe, mas ainda não está derrotado

Por Josival Pereira Publicado em
Movimento golpista sofreu um golpe, mas ainda não está derrotado
Movimento golpista sofreu um golpe, mas ainda não está derrotado (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)

Em reunião extraordinária da OEA (Organização dos Estados Americanos), nesta quarta-feira (11/01), convocada para avaliar os eventos golpistas e a depredação da sede dos três poderes, no domingo, além de prestar solidariedade ao Brasil, o presidente Lula assegurou que há “solidez” na democracia brasileira.

A reação aos graves acontecimentos de Brasília são, de certa forma, uma prova de higidez das instituições nacionais. Os chefes de todos os poderes se uniram imediatamente para rechaçarem a tentativa de golpe, partidos adversários se juntaram para reprovarem os atos e aprovarem as medidas de intervenção do Distrito Federal e os governadores, incluindo os bolsonaristas, foram à Capital Federal para uma reunião com o presidente Lula, numa eloquente defesa da democracia.

Existe ainda a reação organizada: as prisões de golpistas e autoridades omissas e a preparação de forças de segurança para o enfrentamento de possíveis novas tentativas de golpes.

Todavia, vale perguntar: o movimento golpista foi derrotado com a forte reação policial e política?

A resposta mais apropriada para o momento é que o movimento golpista sofreu um golpe, mas ainda não foi derrotado.

Bastam ver os alertas que os órgãos de inteligência têm emitido nas últimas horas sobre a convocação de possíveis novas manifestações de protestos pela retomada do poder no Brasil. Existem também suspeitas de uma operação de derrubada de torres de transmissão de energia elétrica no Paraná e Rondônia, ameaças de invasões de refinarias, distribuidoras de combustíveis, prédios públicos nos Estados e interdição de rodovias.

Os sinais são de que continua de pé a estratégia de desestabilizar o novo governo com o objetivo de gerar o caos e, teoricamente, criar as condições para uma intervenção das Forças Armadas.

Tudo isso com o agravante de que o movimento golpista vai recuperando uma forte identificação com o bolsonarismo, relação que se tentou amenizar no domingo. A impressão, na sequência das ocorrências de vandalismo, era a de que o movimento golpista estaria tendo vida própria e começando a andar sem a participação direta do núcleo duro de Bolsonaro (ele e filhos). Percebe-se, porém, que, apesar do descolamento de governadores e parlamentares do movimento extremista, o próprio Bolsonaro continua alimentando os radicais com fake news e existe uma forte mobilização de aliados para defender os presos. O bolsonarismo é a liga do movimento.

De qualquer forma, registre-se que os grupos da extrema direita parecem mais organizados e que obedecem a um comando digital, se dispondo a pôr em prática uma tática usual dos extremistas em outros países, que é a de realizar atos para disseminar medo e pânico, independente da cúpula política da direita brasileira.

No momento, o risco de golpe é pequeno, mas pode haver graves estragos na economia, uma vez que há sinais do uso até de ações típicas de guerrilha para tentar desestabilizar o governo. Assim, as autoridades institucionais têm ainda muito a fazer para derrotar o movimento golpista e garantir a solidez da democracia nacional.


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Josival Pereira

JOSIVAL PEREIRA, natural de Cajazeiras (PB), é jornalista, advogado e editor-responsável por seu blog pessoal.

Em sua jornada profissional, com mais de 40 anos de experiência na comunicação, atuou em várias emissoras Paraibanas, como diretor, apresentador, radialista e comentarista político.

Para além da imprensa, é membro da Academia Cajazeirense de Letras e Artes (Acal), e foi também Secretário de Comunicação de João Pessoa (2016/2020), Chefe de Gabinete e Secretário de Planejamento da Prefeitura de Cajazeiras (1993/1996).

Hoje, retorna à Rede Tambaú de Comunicação, com análises pontuais sobre o dia a dia da política nacional e paraibana.