Ocupar a presidência do Consórcio Nordeste é bom ou ruim para João Azevêdo?
O governador da Paraíba, João Azevedo (PSB), será o novo presidente do Consórcio Nordeste, organização estruturada oficialmente em 2019 para representar, defender e promover o desenvolvimento sustentável dos Estados da região. Evoluiu do Fórum de Governadores do Nordeste, que existia desde 2008.
Esse Consórcio Nordeste tem alguma importância? Vale a pena? Ocupar sua presidência é bom ou é ruim para o governador João Azevedo?
O Consórcio Nordeste ganhou destaque na pandemia do covid-19, com a instalação de um comitê científico para orientar os governadores, embora tenha virado alvo de constantes críticas do presidente Jair Bolsonaro por causa de operação da Polícia Federal (PF) para desmantelar fraude no processo de compra de respiradores. Houve pagamento antecipado e os aparelhos não foram entregues.
Apesar desse lamentável fato, a orientação do comitê científico permitiu uma atuação mais eficaz dos governadores em relação à pandemia, fazendo com que o Nordeste ostente o menor coeficiente de mortes (2.573 por milhão) entre todas as regiões do Brasil. A covid matou 3.392 por milhão no Sudeste, 3.298 no Sul, 3.648 no Centro-Oeste e 2.573 no Norte. No Brasil, os óbitos, antes dessa nova fase, eram 2.991 por milhão. A taxa global é de 747 óbitos.
Além da atuação frente à covid, o Consórcio Nordeste também teve atuação importante na defesa de receitas para Estados na região no período em que o governo Bolsonaro decidiu baixar o preço dos combustíveis para gerar condições favoráveis ao projeto de reeleição.
O Consórcio Nordeste vale a pena para a região?
Os governadores, não apenas do Nordeste, mas de todas as regiões, têm organizações para a defesa conjunta dos interesses das unidades federadas. São necessárias e importantes. Pode-se questionar o modelo, mas a transformação de fórum em consórcio representa apenas uma mudança de modelo jurídico de organização.
E a presidência do Consórcio Nordeste tem futuro para o governador João Azevedo?
O Consórcio Nordeste teve três presidentes desde 2019. O governador da Bahia, Rui Costa (PT, acabou não se dando bem pelas denúncias de corrupção no início da pandemia. Ainda agora enfrenta problemas políticos e na Justiça. O segundo presidente foi o ex-governador do Piauí, senador eleito Wellington Dias (PT). Esse se deu bem, se inseriu nas discussões mais importantes da política brasileira, tanto que hoje é um dos principais líderes do PT e destacado articulador de Lula no Congresso. O terceiro presidente é o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), que não conseguiu se destacar por sua atuação na organização.
O governador João Azevedo tem, então, a oportunidade de ganhar notoriedade nacional defendendo a região Nordeste. Vai depender de sua disposição e capacidade de articulação política junto aos demais governadores, que são, com exceção de Fátima Bezerra (PT), do Rio Grande do Norte, novatos no cargo.
Vale lembrar aqui ainda que no governo do Maranhão, também um Estado pobre do Nordeste, o governador Flávio Dino (PSB) conseguiu notoriedade nacional como presidente do Consórcio dos Estados da Amazônia Legal e integrando o Consórcio Nordeste, sobretudo, por suas posições firmes no contraponto ao governo Bolsonaro e defesas das duas regiões.