Ministério de Lula: inchaço de petistas e boa presença de nordestinos
Os petistas já são quase 30% do governo.
Dos 21 ministros anunciados pelo presidente Lula para composição de seu futuro governo transbordam dois ou três detalhes merecedores de atenção.
Um deles, a mais geral, é que, nessa primeira leva, Lula tratou de resolver os problemas internos com seu partido, o PT, que tem demonstrado certa avidez pelo poder, reclamando os principais postos e tentando barrar adversários em potencial, como foi o caso de evitar a indicação da senadora Simone Tebet (MDB) para o Ministério da Saúde.
A avidez do PT pelos principais ministérios revela que o partido não consegue abrir mão de seu caráter ideológico e compreensão limitada sobre a importância de um governo de união nacional. A unidade fica capenga se aos partidos aliados são destinados ministérios de menor importância e se as legendas associadas são tratadas apenas como coadjuvantes.
Esse comportamento do PT, dificilmente, não servirá para precipitar a disputa pela sucessão de Lula, uma vez que os demais partidos poderão se sentir, por antecipação, excluídos do processo. Muito dificilmente também não servirá para alimentar a polarização com o bolsonarismo, requentando e trazendo à tona a velha tática do “nós contra eles”.
Mesmo assim, o presidente Lula instalou petistas de quatro costados na Casa Civil (Rui Costa/BA), Secretaria Geral da Presidente (Márcio Macedo/SE, Relações Institucionais (Alexandre Padilha/SP), Advocacia-Geral da União (Jorge Messias), e ministérios da Fazenda (Fernando Haddad/SP), Educação (Camilo Santana/CE), Desenvolvimento Social (Wellington Dias/PI) Trabalho (Luiz Marinho/SP, Mulheres (Cida Gonçalves/SP) e Gestão (Esther Dweck/RJ).
Além de ocuparem os mais importantes ministérios, os petistas já são quase 30% do governo, ainda que Lula não indica mais nenhum integrante da legenda como ministro. Se o governo der certo, o PT se fortalecerá; se alguma coisa der errado, vai fazer recrudescer o antipetismo.
Outro detalhe – esse bem interessante – é a presença de nordestinos no futuro governo Lula. Já são oito os indicados, e para ministérios de destaque: Camilo Santana, do Ceará (Educação), Wellington Dias, do Piauí) (Desenvolvimento Social), Rui Costa (Casa Civil), da Bahia, Flávio Dino, do Maranhão (Justiça e Segurança), Luciana Santos, de Pernambuco (Ciência e Tecnologia), Marcio Macedo, de Sergipe (Secretaria Geral), José Mucio Monteiro, de Pernambuco (Defesa) e Margareth Menezes, da Bahia (Cultura).
Não dá para não dizer que Lula escolheu bons quadros do Nordeste para seu governo e que existe justiça em sua atitude, não apenas pela votação que obteve, mas pela sua importância da região no país. O caráter de justiça também está em evitar a discriminação histórica do Nordeste na composição de equipes do governo federal.
Resta esperar que os nordestinos façam sua parte e que consigam resgatar a região do atraso em termos de desenvolvimento e que reduzam a desigualdade em relação a outras regiões.
Por fim, vale destacar outro detalhe na equipe anunciado por Lula: dois dos mais importantes ministérios para o futuro governo – Saúde e Indústria e Comércio – não foram entregues a petistas. Com Nísia Trindade, a Saúde será comanda por uma técnica competente e respeitada, além de ser a primeira mulher a assumir a pasta. A Indústria, setor que precisa ser resgatado nas políticas de governo, para gerar emprego e desenvolvimento efetivo, foi entregue ao vice-presidente Geraldo Alckmin, sem dúvida, um gestor com capacidade e competência provadas.
É possível que o inchaço de petista no governo acabe em erro, mas já dá para se afirmar que os nomes indicados por Lula ostentam capacidade superior à daqueles que compunham a equipe do presidente Bolsonaro. O anseio é que a gestão pública seja resgatada.